MP que libera transgênicos aprovada no Senado

Brasília – O Senado aprovou ontem a Medida Provisória (MP) 223, alterada pela Câmara, que será agora enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a sanção. Além de autorizar o plantio da soja geneticamente modificada, a chamada soja transgênica, para a safra de 2004/2005, o texto aprovado exige a apresentação de notas fiscais para que empresas produtoras das sementes possam cobrar os royalties dos produtores pelo desenvolvimento da tecnologia. Além disso, foi ampliado em 180 dias o prazo para a comercialização da soja transgênica da atual safra, antes limitado a janeiro de 2006. Atualmente, as empresas cobram royalties sobre a produção alegando que os produtores adquiriram sementes na Argentina. A norte-americana Monsanto exige R$ 0,60 por saca produzida com suas sementes. Para a safra atual, a empresa pretendia cobrar R$ 1,20 por saca, segundo informações do deputado Paulo Pimenta (PT-RS).

Foi retirado do texto original o dispositivo pelo qual apenas os plantadores da soja transgênica na safra passada poderiam utilizá-la agora. A medida estava inibindo os produtores a admitirem o plantio de transgênicos. No Paraná, na safra passada, apenas 500 deles reconheceram o uso da soja modificada, assinando o termo de compromisso exigido pelo governo para legalizar o cultivo.

O senador Jonas Pinheiro (PFL-MS) chegou a pedir durante a sessão do Senado o veto do artigo 7.º do projeto de conversão, que condiciona a apresentação de notas fiscais pelas empresas para cobrança de royalties. O senador argumentou que o artigo poderá trazer confusões na comercialização da safra. "Se não for pago o royalty, a Monsanto poderá entrar com processo e pedir que as cargas de soja sejam apreendidas por estarem usando tecnologia desenvolvida pela empresa, sem pagar os seus direitos de propriedade tecnológica", argumentou Pinheiro.

"Os lotes do produto correm o risco de ficar retidos até decisão da Justiça", salientou. O senador argumentou que a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) já havia encaminhado o pedido ao líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP) para que o presidente vete o dispositivo. O relator da medida provisória, Delcídio Amaral (PT-MS), rejeitou a proposta argumentando que as empresas instaladas no País são, por convenção de direito internacional, obrigadas a se submeter à legislação do País em que estão instaladas.

Voltar ao topo