Motim em Bangu III acaba após 3 dias

Rio – Durou 75 horas a maior rebelião em presídios da história do Rio de Janeiro. Quarenta e sete reféns foram libertados no início da tarde de ontem, meia hora depois que os parentes deles foram agredidos por policiais militares quando faziam manifestação pacífica. Os detentos do presídio de segurança máxima Doutor Serrano Neves, Bangu 3, no Complexo Penitenciário de Bangu, na zona oeste do Rio, renderam-se depois que autoridades assinaram documento garantindo a integridade física dos presos. Eles estavam armados com pelo menos sete revólveres, uma granada, explosivos e facas artesanais.

O secretário de Administração Penitenciária do RJ, Astério Pereira dos Santos, disse que a demora nas negociações ocorreu pelo temor dos presos em sofrer represálias por causa da morte do agente penitenciário Luiz Carlos Bonfim. Todos os guardas foram afastados do presídio, que ficará sob controle de policiais militares pelo menos até o fim do ano.

“O Batalhão de Operações Especiais (Bope) tem as melhores técnicas de invasão e poderia acabar com tudo em poucos minutos. Mas, o Estado não vai ficar marcado como novo Carandiru”, afirmou Astério, em referência ao que ficou conhecido como o massacre do Carandiru. No dia 2 de outrubro de 1992, 111 presos foram mortos após invasão da PM para conter uma rebelião na Casa de Detenção no Carandiru, zona norte de São Paulo.

Agressão

Os parentes de reféns viram de perto o que o secretário chamou de “melhores técnicas” do Bope. O comandante da tropa de elite, coronel Fernando Príncipe, se descontrolou ao tentar entrar no complexo penitenciário e encontrar metade da rua tomada pelos familiares. Ele desceu do carro e agrediu a dona de casa Sandra Luzia Silva Freire, de 37 anos, tia do refém Rafael Batista. Os PMs também atacaram os outros manifestantes.

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