Ministro-chefe da CGU defende reformas estruturais para combater corrupção

Brasília – Apesar dos avanços nos últimos anos, o país precisa de reformas na legislação e no sistema político para combater a corrupção, avaliou o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage. Ele participou de uma mesa-redonda na Reitoria da Universidade de Brasília (UnB), realizada nesta segunda-feira (10) em comemoração ao Dia Mundial contra a Corrupção.

Segundo Hage, a CGU tem aplicado penalidades dentro da própria administração sem esperar pela Justiça, com a demissão de mais de 1,5 mil agentes públicos por atos de improbidade e de corrupção nos últimos cinco anos. Também tem procurado incrementar a abertura de todas as despesas públicas no Portal da Transparência da CGU, que mostra todos os gastos federais.

Hage também destacou que o governo federal pretende multiplicar a iniciativa da CGU. ?Além disso, estamos celebrando convênios com outras instituições, inclusive estaduais, para criar controladorias nos estados, para que os governos estaduais reproduzam essas experiências?, destaca.

Para que o combate à corrupção seja bem-sucedido, no entanto, Hage assume que ainda falta um longo caminho. ?Precisamos mexer em coisas mais profundas que demoram mais: reforma política, financiamento de campanhas, superar a barreira do sigilo bancário e fiscal que, no Brasil, se tornou um biombo para proteger criminoso de colarinho branco e acelerar a reforma das leis processuais?, disse.

Coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção, o deputado Paulo Rubem Santiago (PDT-PE), disse que a corrupção mata e aumenta a exclusão social e que o Estado brasileiro é tolerante com ela. Segundo ele, a corrupção cria a cultura do medo e do silêncio, principalmente no interior do país.

O deputado listou ainda alguns itens que classifica como ?anabolizantes? para a corrupção: foro privilegiado, elaboração de orçamentos para entidades filantrópicas, generalização do sigilo bancário e corporativismo do Poder Legislativo e dos partidos. Ele também disse que é necessário que sejam rompidos os laços de dependência entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, como a nomeação pelo presidente da República de ministros para o Supremo Tribunal Federal e para o Superior Tribunal de Justiça.

Para o cientista político Ricardo Caldas, professor do Instituto de Ciências Políticas da UnB, o Brasil precisa de uma agência que se dedique exclusivamente ao combate da corrupção e cujos integrantes não sejam indicados politicamente, como ocorre no Tribunal de Contas da União (TCU). ?No caso do TCU, temos o que costumo chamar de pecado original: nomear políticos para supervisionar políticos. É como contratar a raposa para cuidar do galinheiro?, ressaltou Caldas.

O evento foi promovido em parceria entre a UnB e o Escritório das Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC).

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