Mão-de-obra escrava prolifera na Amazônia

Foto: Agência Brasil
Produção de soja na Amazônia é estimulada pelas grandes multinacionais americanas.

O relatório "Comendo a Amazônia", divulgado pela organização não-governamental Greenpeace Internacional revela que, além de devastar a floresta, o avanço na produção de soja na Amazônia impulsiona a exploração da mão-de-obra escrava na região: moradores pobres de áreas rurais e da periferia das cidades são levados para áreas remotas da Amazônia para trabalhar como escravos em áreas de desmatamento ilegal. "Os estados amazônicos que se encontram na vanguarda da expansão da soja também lideram as tristes estatísticas brasileiras de trabalho escravo registrado em fazendas, campos e em áreas de florestas", diz a versão em português do relatório.

 Uma das recomendações do Greenpeace contidas no relatório é que as multinacionais norte-americanas Gargill, Bunge e Archer Daniels Midland (ADM) assinem o Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. A idéia é que as empresas se comprometam a comprar soja apenas de fazendas com títulos legais de terras, sem desmatamento ilegal e sem o uso de trabalho escravo.

O relatório classifica as empresas de "vilãs da indústria da soja brasileira" na Amazônia. Segundo o estudo, as atividades das multinacionais, que atuam no setor do agronegócio, ocorrem a partir de uma cadeia de ilegalidades, como o desmatamento para o plantio da soja, a grilagem de terras e o trabalho escravo na região.

Outra recomendação é que as empresas envolvidas no comércio de alimentos e ração animal devem garantir que não estão usando soja da Amazônia. Também devem desenvolver, com urgência, políticas de compra "que garantam a origem legal, ambientalmente responsável e socialmente justa", o que inclui sistemas de rastreamento para verificar a origem dos ingredientes dos produtos, as condições em que foram produzidos e o impacto da produção.

O coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, explicou que a adesão ao pacto pode ajudar a reduzir o desmatamento. "Essa demanda foi incluída no relatório porque, como você tem evidências e provas de envolvimento de trabalho escravo -principalmente na fase de desmatamento, para a conversão da floresta em terra agrícola -, se você conseguir banir esse trabalho escravo e se as empresas assumirem o compromisso de assinar o pacto, elimina uma parte do problema, que é a mão-de- obra escrava utilizada no desmatamento", disse. 

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