Mais de um terço dos brasileiros não vive no município onde nasceu

Dados do Censo 2010 divulgados hoje pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que, naquele ano, 35,4% da população brasileira residia em um município distinto daquele em que nasceu. Já a parcela que morava em outra Unidade da Federação chegava a 14,5%, e em outra região do país, a 9,4%.

As migrações internas, porém, perderam força no país nos dez anos que antecederam o censo. Nesse período, 11.316.720 pessoas trocaram de Estado de residência. Na década anterior, foram 9.909.119. A redução pode ter sido motivada pela melhoria das condições de vida e a diminuição das disparidades regionais.

Segundo dados da pesquisa, a região que mais manda migrantes para as demais é o Nordeste, de onde saíram 53,6% das pessoas que em 2010 viviam em regiões distintas daquela em que nasceram. Já o Sudeste foi adotado como novo lar por 49,1% dos migrantes inter-regionais brasileiros.

Em números absolutos, os Estados que mais recebem são São Paulo (8 milhões), Rio de Janeiro (2,1 milhões), Paraná (1,7 milhão) e Goiás (1,6 milhão). Alguns deles aparecem também na lista dos estados que mais mandam gente para outras localidades, encabeçada por Minas Gerais (3,6 milhão), Bahia (3,1 milhão), São Paulo (2,4 milhão) e Paraná (2,2 milhão).

Proporcionalmente, porém, o Centro-Oeste é a região do país com maior parcela de habitantes oriundos de outras regiões. No total, 27,5% dos moradores são naturais de outras localidades. Em seguida vem o Norte, com 14,7%, e o Sudeste, com 11%.

Migrações do exterior

Se a migração interna caiu no país na primeira década do século, o número de pessoas que deixaram o exterior para viver no Brasil aumentou. Segundo o Censo 2010, 455.333 pessoas fizeram esse movimento nos dez anos que antecederam a pesquisa. O número é 62,7% maior do que o verificado na década de 90, de 279.822.

Segundo pesquisadores do IBGE, grande parte desses migrantes internacionais são brasileiros que viviam fora e que retornaram ao país. Mas há também casos de estrangeiros que decidiram morar no Brasil -a maioria deles se instalou no Sudeste.

Segundo o IBGE, 54,1% dos imigrantes chegaram ao Brasil nos dois anos anteriores ao Censo. Um dos motivos pode ser a crise de 2008 nos Estados Unidos, que afetou principalmente a economia dos países ricos e fez com que muitos brasileiros decidissem retornar ao país.

Do total de pessoas vindas do exterior na última década, 17,4% moravam nos Estados Unidos, 13,6% no Japão e 9,8% no Paraguai antes de desembarcar no Brasil.

Domicílios adequados

Apesar da situação ter melhorado, o Censo 2010 mostrou que apenas pouco mais da metade dos domicílios brasileiros (52,5%) eram considerados adequados, ou seja, tinham abastecimento de água por rede geral, esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica, coleta de lixo e no máximo dois moradores por dormitório.

Por outro lado, 4,1% dos domicílios eram considerados inadequados -não atendiam a nenhum desses critérios. Os demais foram classificados pelo instituto como semiadequados.

Em comparação com os dados do Censo 2000, porém, houve melhorias. Naquele ano, os domicílios adequados representavam apenas 43,9% do total.

A pesquisa também indica que, nos domicílios adequados, a renda média era de R$ 3.537,95. Já nos inadequados, somava apenas R$ 708,94.

Os dados também evidenciaram a diferença no acesso à moradia adequada para brancos e pretos. Enquanto 63% dos domicílios cuja pessoa responsável era branca foram considerados adequados, apenas 45,9% dos chefiados por negros estavam na mesma situação.

O IBGE mostrou ainda que, para os moradores de locais inadequados, a moto é uma importante alternativa de transporte. Em quase um quarto (22,5%) dessas residências foi encontrada ao menos uma moto.