Lula prioriza Fome Zero e adia compra de caças

A primeira reunião ministerial do governo Lula durou cerca de cinco horas. O principal tema do encontro foi o programa Fome Zero. Lula pediu a suspensão por um ano da compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB), para tornar a idéia de combate à fome mais viável. O presidente, que está disposto a imprimir um estilo austero e disciplinado desde o início do mandato, fez uma série de recomendações à equipe.

O ministro da Defesa, José Viegas, anunciou ontem que está suspendendo por um ano a compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira (FAB). Segundo o ministro, a medida foi tomada para que fosse compatível com a prioridade do governo Lula de combate à fome.

Sem abandonar

Contudo, Viegas ponderou que a decisão não significa o abandono do projeto FX, como é conhecida a concorrência. De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, Viegas declarou que as necessidades da FAB não serão deixadas de lado.

Questionado se o governo poderia alugar caças enquanto a licitação não for concluída, Viegas respondeu que serão analisadas “soluções intermediárias e preliminares” para resolver a questão.

Velhos

A maioria dos caças usados pela Aeronáutica está em atividade há mais de 20 anos. São modelos Mirage III que estarão obsoletos em 2005. A negociação para a compra de novos caças mobilizou 70 oficiais da FAB, que durante dois anos preparam um estudo para a renovação da frota. A questão foi posta de lado após a eleição, quando o presidente Fernando Henrique explicou aos militares que a decisão ficaria a cargo do seu sucessor.

Concorrência

Uma das maiores concorrências públicas do mundo -US$ 700 milhões -, o projeto FAX se refere à aquisição de 12 a 24 aviões supersônicos para substituir os Mirage. A esquadrilha do País está defasada em relação ao resto do mundo.

Os aviões não têm condições de transportar armamentos modernos ou cumprir missões de longo alcance em território nacional.

Marcadas por uma intensa movimentação dos concorrentes, duas fases da seleção já foram cumpridas. Na primeira, encerrada em dezembro de 2001, foram escolhidos os cinco modelos de caças.

Na segunda, a Aeronáutica fez reuniões com as empresas, que tiveram a chance de, individualmente, tirar as dúvidas e esclarecer os pontos julgados importantes pela comissão de seleção. Em setembro, a empresa francesa Dassault apresentou proposta ao governo brasileiro para manter em funcionamento os obsoletos caças Mirage III, até que cheguem os novos aviões.

Ministério

Na reunião ministerial de ontem, Lula tratou de limites de despesas – quer redução de 10% do orçamento de cada pasta para este ano -, disse que cobrará dos ministros austeridade na gestão do dinheiro público e também envolvimento de todos no Fome Zero. Lula também pediu aos ministros que apresentem um Plano de Metas de suas áreas até o dia 30 deste mês.

Na abertura da reunião, Lula falou aos ministros. Em seguida, o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, expôs a situação de economia. A maior parte do encontro tratou no entanto do Programa Fome Zero. Todos os ministérios vão se envolver no programa, apresentado pelo ministro de Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano.

O presidente quer que cada ministro defina como seu ministério pode ajudar no programa.

Mortalidade

A reunião serviu também para definir a viagem que Lula fará com quase toda a equipe ao Nordeste nos dias 11, 12 e 13. A viagem começará pela cidade de Guaribas, no interior do Piauí, onde o nível de mortalidade infantil é muito alto, de 60 mortes por cada mil nascimentos. O presidente quer mostrar que sua prioridade máxima é o combate à fome e, segundo o porta-voz André Singer, quer “que todos os ministros tenham contato direto com a pobreza mais absoluta do país”. Na próxima semana, Graziano deve divulgar um número 0800 através do qual o governo espera receber doações da sociedade civil para o Fome Zero.

Ao ministro Palocci, Lula pediu que agilize a constituição de cooperativas de crédito para aumentar o fluxo de dinheiro na economia. Por meio dessas cooperativas, a economia brasileira seria reativada, com a compra de produtos para o combate à fome.

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