Lula pede paciência e diz que a situação está difícil

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou ontem o exemplo do pescador e a atividade da pesca para pedir paciência com o governo federal. Em pronunciamento na cerimônia de lançamento das Conferência Nacional de Aqüicultura e Pesca, Lula afirmou que “as coisas são muito mais difíceis do que imaginava.” E acrescentou que a única coisa que não precisa de diploma na vida é para ser político.

“Se ninguém precisa ter diploma universitário é para ser político. Médico precisa, jornalista dizem que precisa, mas nem tanto.” Falando das dificuldades que encontrou para governar, ele disse: “As coisas são muito mais difíceis do que a gente imaginava.”

Para pedir paciência à população, Lula usou a metáfora de uma casa em construção. Lula lembrou que é preciso começar pelo alicerce, colocar tijolo por tijolo para subir as paredes. E para falar das dificuldades, ele frisou que uma parede feita com defeito é preciso derrubá-la ou retirar o reboco e colocar de novo. “Quando a gente tenta fazer uma casa em mutirão, às vezes faz uma parede, e se a cerveja foi demais no fim de semana, a gente sabe na segunda-feira que a parede não está no prumo. Então precisa refazer a parede.”

Paciência

Durante a cerimônia de lançamento da conferência, o presidente usou a imagem do pescador para falar de paciência. “Se tivéssemos que fazer uma imagem da pesca, é a imagem da paciência. Não tem nada que tem mais paciência no mundo do que um bom pescador, e não aqueles que não têm paciência para esperar passar um bom cardume.

O presidente também usou a obra O Velho e o Mar, de Ernest Hemingway, para falar de paciência. “É uma história que mostra a paciência do ser humano, mostra a esperança de conseguir realizar um sonho.”

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No evento, o presidente anunciou um pacote de medidas que visam promover o desenvolvimento sustentável da pesca no Brasil e a melhoria da qualidade de vida dos pescadores artesanais. Serão liberados R$ 55 milhões para o financiamento do Pronaf Pesca, destinado aos pequenos pescadores. O BNDES vai liberar linhas de crédito no valor de R$ 1,5 bilhão para a construção de embarcações de pesca oceânica.

No campo social, o governo vai enviar ao Congresso Nacional um projeto de lei que propõe a redução de três anos para doze meses do tempo de registro exigido para que o pescador tenha acesso ao seguro desemprego. O governo quer ainda reduzir o analfabetismo entre os pescadores, que hoje atinge 70%. Foi anunciado o programa Pescando Letras que, até dezembro deste ano, vai beneficiar 65 mil trabalhadores. “Se depender desse governo, o Brasil vai ocupar uma posição de destaque no século XXI como grande produtor de proteína de baixo custo”, disse o presidente.

O presidente afirmou que a pesca e a aqüicultura brasileira devem ganhar escala, incorporando tecnologia, eficiência e criatividade no manejo produtivo. Segundo ele, embora as reservas oceânicas sejam imensas, elas não são inesgotáveis. “Esse é mais um motivo para que as fazendas de criação, ou seja, a aqüicultura, sejam cada vez mais decisivas para equilibrar a oferta e a demanda sem saturar os recursos naturais”.

A aqüicultura, de acordo com Lula, já abastece 20% da oferta pesqueira mundial e não pára de crescer. Apesar das taxas de produção crescerem 25% ao ano, ainda é muito pequena, não chegando a 300 mil toneladas ao ano. “Há países, como a China, que produzem milhões de toneladas. Sistema de manejo específicos podem conectar as nossa águas ao mercado pesqueiro de regiões carentes, como é o caso do nosso querido Nordeste”, ressaltou o presidente referindo-se ao reservatórios e açudes brasileiros que somam mais 5 milhões de hectares só nas bacias do Paraná e do Rio São Francisco.

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