Brasília (AE) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva instalou ontem, no Palácio do Planalto, o Conselho de Transparência Pública e Combate à Corrupção. Vinculado à Controladoria-geral da União (CGU), do ministro Valdir Pires, o órgão tem por objetivo discutir medidas para o aperfeiçoamento dos métodos de controle e combate à corrupção na administração pública.
A cerimônia foi prestigiada por ministros e autoridades da República, mas transcorreu em clima de tensão diante dos últimos acontecimentos envolvendo o governo: a divulgação de fotos inéditas do jornalista Wladimir Herzog, pouco antes de ele ser morto nos porões da DOI-Codi paulista, em 1975, e as denúncias de corrupção e favorecimento no Bolsa-Família, o programa federal mais importante na área social.
Com a expressão fechada durante todo o evento, Lula trocou poucas palavras com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Nelson Jobim, aliado do Planalto e conselheiro do presidente em situações críticas. Geralmente muito falante em atos públicos, desta vez o presidente dispensou até o discurso oficial e, tão logo a cerimônia foi encerrada, retirou-se para o seu gabinete de despachos.
Os presentes estranharam o comportamento do presidente, por se tratar de um tema que é símbolo da administração petista. Desde o início, o atual governo elegeu o combate à corrupção como uma de suas principais bandeiras e reestruturou a Controladoria-Geral da União. Mas os resultados até agora não são animadores. A Transparência Internacional, ONG que mede a percepção da corrupção em 133 países, deu nota 3,9 ao Brasil em 2003, o primeiro ano do governo Lula, mantendo a mesma performance negativa dos últimos anos.
Estudo
Recente estudo da ONU também revelou que a corrupção consome cerca de 5% do PIB brasileiro todos anos, o equivalente a aproximadamente 25 bilhões de dólares. O índice está entre os mais elevados do mundo. O conselho criado hoje reforçará a estrutura de estado de fiscalização dos gastos públicos e combate à corrupção, conforme destacou o ministro do Controle e da Transparência, Waldir Pires.
Estiveram também presentes à cerimônia, além da primeira-dama, Marisa Letícia, o procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Walmir Campelo e o advogado-geral da União, Álvaro Costa, além dos ministros da Comunicação de Governo, Luiz Gushiken e da Educação, Tarso Genro. O ministro das Cidades, Patrus Ananias, chegou atrasado.