Lula diz que não quer fazer governo de um homem só

Durante encontro de pouco mais de uma hora com a cúpula do PFL baiano no Palácio de Ondina, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, hoje, que não pretende “fazer um governo de um homem só” e que vai manter contatos desse gênero, em particular ou em grupo, com todos os governadores do País. Lula afirmou também que pretende ter “um relacionamento excepcionalmente bom” com o Congresso.

Estavam presentes ao encontro o governador baiano, Otto Alencar (PL), os senadores eleitos Antônio Carlos Magalhães e César Borges e o governador eleito, Paulo Souto, além de Josias Gomes, presidente do PT da Bahia. Os pefelistas informaram a Lula que “no início” (do futuro governo) o PFL baiano “só vai observar” e depois, eventualmente, farão “uma oposição construtiva”.

A amigos, o senador eleito Antônio Carlos Magalhães comentou depois que Lula “foi absolutamente perfeito” em suas atitudes e posições durante a conversa. “Meu partido e eu, particularmente, com meu voto, já demos um crédito total de confiança ao Lula”, completou. Indagado se concordava que não era bom o diálogo no governo Fernando Henrique, ACM comentou que o atual presidente deveria ter dialogado com “pessoas melhores”.

Diferenças

Em Brasília, pouco depois da avaliação de ACM, um importante dirigente pefelista adiantou que seu discurso guarda pouca semelhança com a decisão da executiva nacional pefelista, expressa em nota oficial divulgada há 15 dias. Na avaliação do dirigente pefelista, trata-se de dois conceitos absolutamente diferentes. “Ao mesmo tempo em que ACM fala em oposição construtiva, (o presidente Jorge) Bornhausen mantém a tese de que PT e PFL são partidos antagônicos e insiste em uma postura fiscalizadora do nosso partido”, completa o político, para concluir: “Esse negócio de oposição construtiva mais parece um discurso pré-adesista”.

Ao lado de Lula, o presidente nacional do PT, José Dirceu, negou que o futuro presidente tenha ido à capital baiana pedir apoio. “É uma visita de protocolo”, defendeu-se, “e não de política partidária”.

Protocolo

A visita de Lula à Bahia foi um agradecimento pela inédita votação obtida no Estado. Salvador foi a capital onde Lula teve sua maior votação proporcional – 89,4% dos votos. E São Francisco do Conde, no Recôncavo Baiano, foi a cidade onde ele teve a maior votação em todo o País, 93%.

O presidente eleito desembarcou ao meio-dia no Aeroporto Luís  Eduardo Magalhães. Recebido por cerca de 50 militantes petistas, saiu sem falar com a imprensa. Visitou as obras de caridade da Fundação Irmã Dulce e depois a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, para agradecer pela vitória e “pedir sorte”.

Uma baiana vestida de Iansã colocou nele um colar vermelho e uma fita de Nosso Senhor do Bonfim, da mesma cor – que, no final da tarde, já não estava mais no pulso. Escoltado por 20 batedores da Polícia Federal, Lula seguiu para o Hotel Pestana, no Bairro Rio Vermelho, para almoçar com os dirigentes petistas locais.

Na programação da noite, Lula tinha presença marcada na abertura da 8.ª Conferência Nacional de Advogados, no Centro de Convenções da Bahia. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu declarar oficialmente, no encontro, o apoio ao novo pacto social, proposto pelo presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva.

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