Lula demite para conter os estragos

Rafael Neddermeyer / GPP

Ministro Mares Guia: "Os cargos estão sempre à disposição do presidente".

Brasília – Todos os diretores dos Correios e do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) entregam, ontem, suas cartas de demissão, a pedido do ministro das Comunicações, Eunício de Oliveira, e do ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Segundo o Ministério das Comunicações, a decisão foi tomada pelos dois ministros depois de reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual Lula pediu aos ministros que o ajudassem a encontrar a solução mais rápida para o problema, sem no entanto pedir especificamente a demissão das diretorias.

O ministro Eunício Oliveira disse que "o presidente nos pediu que houvesse uma solução mais definitiva para a questão dos Correios". Em nota à imprensa, o Ministério da Fazenda comunicou que o IRB será comandado pelo ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Marcos Lisboa. As demissões são a primeira de uma série de medidas que o governo vai tomar para tentar reduzir o estrago provocado pelas denúncias de corrupção nas estatais e pela entrevista do presidente do PTB, Roberto Jefferson (RJ), denunciando um suposto esquema de compra de votos de deputados do PL e do PP na Câmara, que seria coordenado pelo tesoureiro do PT, Delúbio Soares.

O ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia (PTB), negou que esteja demissionário, como informou mais cedo o deputado Nilton Capixaba (PTB-RO). Segundo Mares Guia, no encontro no apartamento do presidente do PTB, Roberto Jefferson, o senador Fernando Bezerra (PTB-RN), líder do governo no Congresso, disse que os cargos do PTB estão à disposição do presidente, mas não foi tomada nenhuma decisão de que ele deveria entregar o cargo. O ministro disse que não há nenhuma carta de demissão.

"Não é verdade. Não tem carta de demissão. Os cargos estão sempre à disposição do presidente. Eu não falei absolutamente da hipótese de fazer um ato isolado. Tenho a confiança do presidente Lula e nós do PTB estamos procurando uma articulação consensual do partido como um todo. Estamos conversando para ninguém fazer ato isolado nem inútil. É um momento em que as pessoas precisam de tranqüilidade para encontrar a verdade. O Congresso vai investigar, quem tem culpa vai pagar. Eu pessoalmente tenho a felicidade de ter a confiança do presidente Lula e vou procurá-lo para conversarmos", disse o ministro.

Segundo ele, Roberto Jefferson é um político experiente e terá oportunidade de esclarecer "muita coisa que está no ar".

Os afastados são o presidente do Correios, o ex-deputado federal João Henrique de Almeida Sousa, do PMDB do Piauí. Além do presidente, deixaram os Correios os diretores Carlos Eduardo Fioravanti da Costa, Eduardo Medeiros de Moraes, Ricardo Caddah, Maurício Coelho Madureira e Robinson Koury Viana da Silva. O outro diretor da estatal, Antônio Osório Menezes da Silva, já havia se afastado da diretoria logo após as primeiras denúncias de corrupção envolvendo a estatal.

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