Líderes na Câmara concordam com teto para gastos de campanha

Depois de três semanas de negociação, os líderes partidários na Câmara concordaram em estabelecer um teto para os gastos de campanhas eleitorais para valer ainda neste ano. O limite de gastos foi uma forma de reagir às críticas de que a proposta de mudança eleitoral em análise pelo Congresso se restringiria apenas a alguns cortes superficiais nas despesas para os próprios políticos.

O limite será fixado levando em conta as características de cada região e será fixado em lei que terá de ser votada até o dia 10 de junho. Caso o Congresso não estabeleça o teto até essa data, caberá à Justiça Eleitoral determinar esse limite. Os líderes chegaram a anunciar a votação para ontem, mas o relator do projeto, deputado Moreira Franco (PMDB-RJ), pediu mais tempo para fazer os ajustes no texto, transferindo a votação para hoje.

"A proposta garante que haverá teto, mas dá tempo para discutir esse limite de gastos", afirmou o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), um dos que estavam contra o teto. O líder do PT, Henrique Fontana (RS), comemorou o acordo. "O PT está feliz", afirmou. "O teto garante uma igualdade maior entre os candidatos e retira parte da capacidade que o poder econômico tem nas eleições", disse, considerando ainda que a campanha ficará mais barata.

"Na hora em que se estabelece um teto, a Justiça Eleitoral e a sociedade terão mais condições de fiscalizar, pelo volume da campanha, se o candidato está gastando mais do que pode gastar", afirmou o líder do PSB, Renato Casagrande (ES). Para ele, sem fixar o teto o projeto ficaria muito ruim. "O teto ajuda no controle do abuso do poder econômico", completou.

Polêmica entre os políticos, a divulgação dos gastos e recursos de campanha pela Internet foi incluída no texto, mas sem um acordo entre todos os partidos. A proposta prevê que nos dias 6 de agosto e 6 de setembro, 30 e 60 dias após o início da campanha, os candidatos terão de divulgar os recursos arrecadados pela Internet. Será usado o site da Justiça Eleitoral. O doador de campanha não será identificado.

"Isso é meia transparência", protestou o deputado Chico Alencar (P-SOL-RJ). "Além de o prazo de 30 em 30 dias ser muito largo, querem proteger o doador", criticou. "Esta legislatura não teve coragem de fazer uma reforma política, que seja, pelo menos, mais ousada. Essa proposta é tímida", disse Alencar.

A proposta negociada pelos líderes prevê também que será permitido o uso de carro de som na potência máxima de 1.200 watts, o que significa, segundo os deputados, que os trios elétricos estarão proibidos porque têm potência muito maior. Moreira Franco manteve no texto da proposta a proibição de showmícios, de distribuição de brindes (camisetas, bonés, chaveiros), de anúncios de candidatos em jornais, de uso de outdoors por candidatos a deputado e do uso de telemarketing.

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