Justiça condena mais dois por chacina em Rondônia

Mais dois dos três réus julgados na segunda sessão do júri do Caso Urso Branco foram condenados a mais de 430 anos de prisão cada um por participar da chacina de 27 detentos do presídio José Mário Alves, o Urso Branco, em janeiro de 2002, na cidade de Porto Velho (RO). Um dos acusados foi absolvido.

A segunda sessão do júri começou na última segunda-feira. A condenação foi conhecida no fim da noite do dia seguinte. Segundo o Tribunal de Justiça, foram condenados a 432 anos de prisão cada um Alexandre Farias, o Carioca, e Assis Santana da Frota. Já Cirço Santana da Silva, o Cirção, foi absolvido pelo conselho de sentença, que na votação acatou o argumento da defesa de negativa de autoria dos crimes. Cirção, assim que o juiz Aldemir de Oliveira leu a sentença, manifestou-se com a expressão “Glória a Deus”.

Tanto Alexandre (Carioca) quanto Assis tiveram as penas aumentadas, de 15 para 16 anos, por agravantes no quesito “emprego de meio cruel” e pelos “antecedentes criminais”. Eles já são condenados por outros crimes e cumprem pena em unidades prisionais do Estado. As condenações são multiplicadas por 27, o número de vítimas. O defensor público Walter Bernardo disse que vai recorrer. Sobre a absolvição de Cirção, os promotores Marcelo Guidio e Leandro Gandolfo declararam que respeitam a decisão dos jurados, mas ainda devem analisar se vão apelar.

Julgamento

O julgamento começou com o interrogatório de Assis Santana da Frota. Ele negou que tenha participado das mortes e atribuiu as acusações a rixas de rua, antes até de completar 18 anos. Segundo Frota, ele não estava no mesmo pavilhão em que aconteceram os assassinatos. Assis negou inclusive que tenha participado da tentativa de fuga que antecedeu a chacina no presídio.

Defendido por defensores públicos, o réu está condenado a 14 anos de prisão por roubos, furtos, extorsão e ameaça. Ele já cumpriu mais de dez anos, mas, por conta das inúmeras fugas, permanece preso no presídio Urso Panda, na capital.

Os dois primeiros réus julgados na semana passada foram condenados a 486 e 445 anos de prisão. Todos os 16 acusados pelas mortes que vão a júri popular durante o mês de maio deste ano eram detentos na época das mortes. Ex-diretores do presídio também foram denunciados e, como recorreram, aguardam o julgamento de recursos pelo Tribunal de Justiça.