Jipe atropela Sílvio e o joga fora do PT

Marcello Casal Júnior / ABr

Sílvio Pereira: jipe foi o que faltava
para a ruína do secretário.

Brasília – O ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira enviou, ontem, uma carta ao presidente do PT, Tarso Genro, pedindo a sua desfiliação do partido. No texto, assume que cometeu erros ao aceitar de presente um Land Rover no valor de R$ 70 mil, da GDK, empresa que presta serviços à Petrobras, e diz que vai devolver o carro.

Sílvio Pereira explica que tomou a decisão de pedir desligamento para poupar o partido de um processo político interno. Seu depoimento no conselho de ética do PT já estava marcado para o próximo dia 30. Na quinta-feira, o vice-presidente da GDK, Cesar Roberto Santos Oliveira, declarou em nota que conheceu e ficou amigo de Sílvio Pereira em 2004. Segundo ele, o ex-secretário geral do PT manifestou intenção de comprar um carro.

Cesar Roberto, então, "de livre e espontânea vontade e em caráter estritamente pessoal, resolveu adquirir o carro e presenteá-lo". "Ele não conseguiu nada com essa aproximação, amizade", disse o advogado Martin de Almeida Sampaio. Em 2002, a GDK também tinha feito doações para campanhas eleitorais do PSDB, do PMDB, do PPS, do PFL, do PV, do PDT e do PTB. Somadas, as doações chegaram a R$ 2,8 milhões.

Dois anos depois, a empresa fez três contribuições legais para o candidato a prefeito do PT, em Osasco, na Grande São Paulo, Emídio Pereira de Souza, num total de R$ 400 mil. Osasco é a cidade de Sílvio Pereira. O site do TSE registra as datas dessas doações: 6, 25 e 27 de agosto. O dinheiro começou a ser doado um mês depois da assinatura do contrato entre a empresa e a Petrobras para a reforma da plataforma P-34.

Assessores chegaram a dizer que Sílvio Pereira apresentaria documentos de compra do carro, mas isto não aconteceu. Com o início das denúncias, o ex-secretário geral do PT pôs o Land Rover à venda por quase R$ 80 mil. O carro foi anunciado no correio de veículos, uma rede que interliga a maioria das revendedoras de carros do País. Mas a concessionária desistiu do negócio. Por telefone, o vendedor explicou o motivo.

"Esse carro, nós não sabíamos, mas era de um ex-secretário do PT, que está envolvido num não sei no que era, que está aparecendo na mídia e a gente está tirando de venda para evitar problemas futuros. O carro era do Sílvio Perreira", confirmou o vendedor.

O presidente do PT, Tarso Genro, caracterizou como "madura e responsável" a atitude do ex-secretário-geral Sílvio Pereira de solicitar sua desfiliação do partido. Em nota publicada no site do PT e distribuída aos jornalistas pela assessoria de imprensa, Genro ressaltou ainda que Pereira "causou um grande dano ao Partido dos Trabalhadores".

"A comprovação de que o ex-secretário Sílvio Pereira tenha recebido um bem de grande valor de uma pessoa que provavelmente tivesse algum interesse no relacionamento que ele tinha com o partido e com o Estado justifica a atitude de pedido de desligamento do PT", informou Genro.

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