Janene dava dinheiro a deputado

Brasília – O secretário-geral do Partido Progressista (PP), Benedito Domingos, afirmou ontem que "existe um apoio financeiro, que sempre tem ajudado alguns parlamentares com alguma dificuldade, feita pelo José Janene (PP-PR)". Em entrevista concedida à Rádio Nacional ontem, Domingos relatou que não tem noção de quanto seria essa "ajuda" de apoio financeiro que os parlamentares ganhavam, mas que, no partido, o assunto era falado abertamente, sem nenhuma reserva. "Então, por isso é fato, todos que freqüentavam lá têm conhecimento".

O secretário disse, entretanto, que isso não é o esquema do chamado "mensalão". "A origem de como foi o esquema, a quantidade, não temos conhecimento, também não fizemos nenhuma colocação nesse sentido". O "mensalão" seria um suposto esquema de pagamento de mesadas a parlamentares, denunciado pelo presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ).

Jefferson, durante seu depoimento na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados, afirmou que os deputados Sandro Mabel, Bisto Rodrigues e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto (SP) sabiam da existência do mensalão. "Eles conhecem e distribuem", acusa. "Me perdoem Sandro Mabel (PL-GO), Valdemar Costa Neto, bispo Rodrigues (PL-RJ), Pedro Corrêa (PP-PE) e José Janene (PP-PR), mas não vou ser cúmplice disso."

"Os bons deputados do PP, que são, graças a Deus, quase a totalidade, estão perplexos e querem que o caso seja apurado", contou Domingos. Para ele, os parlamentares acham que o partido não pode pagar por uma mancha de corrupção instalada dentro do quadro e que eles aguardam uma punição para os culpados.

Negou

A comissão de sindicância que apura denúncia de quebra de decoro parlamentar pelo deputado Roberto Jefferson ouviu esta manhã, em reunião reservada, o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE). Pedro Corrêa levou para o depoimento dez pastas com informações financeiras e fiscais dele e de alguns membros de sua família. Entre os documentos, ele disse que estão as prestações de contas referentes a suas três últimas campanhas eleitorais.

O relator da comissão, deputado Robson Tuma (PFL-SP), considerou importante a entrega dos documentos, uma vez que a comissão não tem poder de quebrar o sigilo. "Quando o parlamentar se propõe a entregar a quebra de todos os sigilos é uma demonstração de contribuição". Pedro Corrêa disse ter negado, em seu depoimento, conhecer o esquema das mesadas. "Neguei ouvir a história de mensalão". O líder do PP, José Janene (PR), e o deputado Pedro Henry (PP-MT), também citados por Jefferson, foram ouvidos ontem pela comissão de sindicância.

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