Indeciso, PMDB embroma presidente Lula

Agência Senado

Renan Calheiros: "O relevante é
não ter crise existencial agora".

Brasília – A recusa dos governadores do PMDB em ampliar a participação do partido no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ingressando institucionalmente na base aliada, não impedirá a legenda de atender o convite do presidente da República, pois a decisão deverá ficar nas mãos das bancadas do partido no Congresso Nacional.

Esta declaração, feita ontem pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), revela o PMDB de sempre: uma parte aceita os cargos, outra mantém distância do Planalto e no Congresso os votos não são confiáveis. É com este partido que Lula quer dar a volta por cima. Segundo Calheiros, "a governabilidade está diretamente relacionada com a maioria congressual. Por isso a bancada do Senado deu o primeiro passo significativo, quando 20 dos 23 senadores assinaram o documento pela governabilidade e pela participação no governo", disse.

Ao insistir que "a governabilidade é uma construção parlamentar", Renan lembrou que os deputados do PMDB fariam ainda ontem um encontro similar ao realizado anteontem entre senadores para decidir sobre o embarque definitivo no governo. Ele não vê, entretanto, nenhum risco de o partido sofrer um racha entre parlamentares do Congresso e os sete governadores, contrários à participação no governo. "O partido é muito grande, democrático, e a administração é difícil, muitas vezes, com alas conflitantes. Mas isso é próprio da democracia e do PMDB", justificou.

A eventual maior participação do partido no Ministério de Lula foi tratada pelo presidente do Senado como "detalhe irrelevante". "Essa coisa de ocupação de espaço, se serão três, quatro ou cinco ministérios, é irrelevante", opinou. "O relevante é não ter crise existencial agora. Não tremer e entender que ninguém vai substituir o PMDB nesse papel da defesa da governabilidade", argumentou.

Ainda nesta linha, Renan salientou que caberá ao partido ter responsabilidade para aceitar a "convocação" do presidente Lula para a formação do governo de coalizão. "A saída do PMDB da governabilidade significaria colaborar com a desestabilização política, econômica e social. E todos nós, pagaríamos esse preço, algo muito ruim", ponderou, ao acrescentar que, se a sigla deixasse o governo, "ninguém entenderia no Brasil, e no mundo muito menos". "Seria uma coisa imperdoável, oportunista. Ora, o PMDB participou do governo e assumiu esta condição quando o governo estava forte e, no momento em que o governo se debate com a crise, o PMDB sai? Vai embora? Isso seria complicado", manifestou.

Segundo um dirigente da sigla, o grupo do presidente nacional da agremiação, deputado Michel Temer (SP), que apóia o deputado Moreira Franco (RJ), entrou em choque com o grupo do líder do PMDB na Câmara, José Borba, que quer ser reeleito. Para tentar facilitar as negociações em favor do Executivo, setores do partido negociam o adiamento para agosto da eleição do novo líder, marcada para hoje.

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