Grupo dominante briga no PT por cargo e espaço

Brasília – A disputa travada no Campo Majoritário do PT entre os paloccistas, que defendem a atual política econômica, e os dirceuzistas, que cobram a flexibilização desta política em favor da área social e dos investimentos, tem no Congresso uma vertente menos louvável e uma solução mais difícil do que o consenso sobre o tom da tese partidária que será aprovada hoje no encontro do grupo, no Rio. A briga menos nobre e nada ideológica por espaço político e ocupação de cargos e tarefas na Câmara tem acirrado os ânimos dos dois grupos dentro do Campo Majoritário, a ala do PT afinada com o governo e que reúne os mais próximos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Enquanto no encontro deste fim de semana no Rio os integrantes do Campo Majoritário discutem o tom do documento – chamado tese -que vai balizar as eleições de setembro para a escolha dos dirigentes partidários, outro elemento de tensão agita o grupo: a perda de funções públicas, que começou com as derrotas do partido nas prefeituras de São Paulo e Porto Alegre, entre outras, e também na presidência da Câmara. Na Câmara, estima-se que 250 cargos eram divididos entre o ex-presidente João Paulo Cunha (PT-SP) e os demais membros da Mesa.

Os petistas reconhecem que é difícil sustentar o apoio ao governo sem uma estrutura na máquina e que o PT não tem condições de absorver tantos militantes que, desalojados, criaram uma diáspora rumo à luta interna. As várias tendências vivem disputando funções no governo e no Congresso, com vantagem para o Campo Majoritário. ?O PT vive a tensão permanente da esquerda no poder, agravada pela disputa interna. A defesa de interesses pessoais em detrimento dos interesses do governo, dentro do PT, tem levado o partido a derrotas históricas na Câmara e deixado o presidente Lula furioso. A ponto de ele negar ao partido o que virou uma questão de honra: a nomeação de um petista para o cargo de Aldo Rebelo no Ministério da Coordenação Política. Dois grupos de deputados de maior influência e poder se digladiam nos bastidores. O que os une ou os diferencia não são tendências ideológicas, mas a briga por postos da Câmara.

Do grupo comandado pelo ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (SP), sob orientação de José Dirceu, participam os deputados professor Luizinho (SP), Paulo Rocha (PA), José Mentor (SP), Devanir Ribeiro (SP), Virgílio Guimarães (MG), Luiz Sérgio (RJ). Durante os dois anos de mandato, o grupo consolidou uma atuação de ?núcleo dirigente? e contabilizou várias vitórias sobre o outro grupo, formado por deputados como Paulo Delgado (MG), odiado por João Paulo desde que discursou contra a reeleição, José Eduardo Cardozo (SP), Sigmaringa Seixas (DF), Luiz Eduardo Greenhalgh (SP), Henrique Fontana (RS) e Zezéu Ribeiro (BA).

Derrotados perdem poder em Brasília

Brasília – Um grupo de até então poderosos petistas terá que se acostumar agora ao dia-a-dia dos comuns. Entre eles, o ex-líder do governo na Câmara professor Luizinho (PT-SP); o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP); e o candidato derrotado à presidência da Câmara Virgílio Guimarães (PT-MG). Próximos do chefe da Casa Civil, José Dirceu, derrotado na reforma ministerial por não conseguir emplacar as mudanças que desejava, eles deram as cartas nos primeiros anos do governo Lula para a escolha dos cargos mais importantes do governo.

?Vou tocar a vida normalmente. Fui eleito para ser deputado?, diz Luizinho. O atual líder é Arlindo Chinaglia (SP). João Paulo não conseguiu a reeleição, apostou errado em Virgílio Guimarães contra Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), e perdeu a chance de ocupar a vaga de Aldo Rebelo na Coordenação Política. Anda mal-humorado, reclamando que dormiu ministro e acordou deputado.

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