Governo vai de Aldo e oposição de Nonô

  Agência Brasil
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O ex-ministro Aldo Rebelo aglutina mais na base aliada que muitos petistas.

Brasília – Os líderes do governo, Arlindo Chinaglia (PT-SP), do PT, Henrique Fontana (RS), e do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES), e o candidato a presidente da Casa Aldo Rebelo (PC do B-SP) acertaram ontem em reunião a estratégia para tentar desta vez vencer a disputa para a presidência da Câmara dos Deputados, enfrentando o principal nome da oposição, José Thomaz Nonô (PFL-AL), atual presidente interino da Casa.

O governo está de olho em dois desafios: obter o apoio de outros partidos da base aliada e evitar que a vinculação com a administração federal seja um fator desagregador. Aldo Rebelo passará o fim de semana em articulações, falando ao telefone com líderes e parlamentares de todas as legendas. "Aldo não é candidato de governo; é um candidato que vai buscar apoio da base aliada", disse Casagrande.

Mas não é o que afirma o líder da minoria na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA), para quem a marca governista está colada à candidatura do deputado do PC do B de São Paulo. Além de destacar o fato de Rebelo ter sido chefe da extinta Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aleluia lembrou que ele é também testemunha de defesa do deputado José Dirceu (PT-SP) no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa.

"Apesar de qualificado e ser uma pessoa de respeito, as circunstâncias não favorecem sua candidatura", afirmou Aleluia. Para o líder da minoria da Câmara, o lançamento do nome de Rebelo significa que ?o governo resolveu, finalmente, explicitar o nome de seu candidato à presidência da Câmara e Lula deixou claro que ‘basta de intermediários’, ao pedir ao PT que fechasse com Rebelo".

Enquanto o candidato do PC do B de São Paulo reunia-se com o núcleo de apoio, os candidatos a presidente Michel Temer (PMDB-SP) e José Thomaz Nonô (PFL-AL), presidente interino da Câmara, faziam, por telefone, a primeira conversa sobre a mudança no quadro, com o lançamento da candidatura de Rebelo. Os pefelistas trabalham com a expectativa de obter votos no grupo político de Temer, sobretudo, depois que o nome dele foi vetado pelo PT e pelo Poder Executivo, que não avalizaram a candidatura.

"Foi um veto explícito. Agora, temos uma candidatura de alguém que pretende trabalhar com independência (Nonô) e outra de alguém que quer a submissão ao governo", afirmou Aleluia. Mas não é apenas o PFL que está em busca dos votos do PMDB, a segunda maior bancada da Casa. Um dos objetivos discutidos ontem pelo candidato do PC do B de São Paulo a presidente é tentar consolidar o apoio integral dos peemedebistas, uma vez que deve contar, por enquanto, com os votos da ala governista, comandada pelo deputado Eunício Oliveira (PMDB-CE) e pelo presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ligados a Rebelo.

Dificilmente o PMDB se reunificará em torno de um candidato. Fontana disse que há sinais de apoio da sigla. "Vamos atrás dos votos do PMDB e o nome de Aldo Rebelo tem mais potencial de trazer peemedebistas", afirmou. Até o momento, PL, PTB e PP (outras agremiações da base aliada) estão com candidatos próprios à presidência da Câmara. No entanto, observadores estão atentos ao comportamento dos deputados do chamado baixo clero, frustrados com a saída de Severino Cavalcanti e que podem decidir o pleito em favor de um lado (governo) ou de outro (oposição), a responsável pela queda do ex-presidente.

Planalto libera R$ 500 mi para deputados

Brasília – O Ministério do Planejamento prometeu ontem liberar R$ 500 milhões para emendas parlamentares individuais, às vésperas da eleição para a presidência da Câmara dos Deputados e em meio a pior crise do governo Lula, com três CPIs funcionando no Congresso. Uma das maiores queixas dos parlamentares tem sido justamente a demora do governo em liberar recursos para estas emendas.

A expectativa do Palácio do  Planalto é que esta prática – segurar a liberação de emendas que causou diversos atritos entre o governo e o Congresso – seja superada com os recursos, ajudando, de quebra, a acalmar os ânimos, reduzir a crise e, se possível, ajudar a eleger um nome governista para a presidência da Câmara, que no caso é o ex-ministro Aldo Rebelo. "Eu não sei se acalma, nós estamos liberando aquilo que nós temos condições de liberar", disse o ministro Paulo Bernardo.

O pedido dos R$ 500 milhões foi feito pelo ministro Jacques Wagner (Relações Institucionais), responsável agora pela articulação política entre o Palácio do Planalto e o Congresso Nacional. A falta de articulação custou ao governo a perda na eleição para a presidência da Câmara em fevereiro. Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) perdeu para Severino Cavalcanti (PP-PE).

Esse dinheiro sairá dos recursos liberados do Orçamento, que somam R$ 820,1 milhões. Além disso, o governo espera conseguir mais R$ 500 milhões com o remanejamento de despesas – dinheiro que foi liberado aos ministérios, mas não foi usado. Além do dinheiro destinado às emendas, os ministérios também serão beneficiados.

De acordo com Bernardo, há um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar uma atenção especial ao setor de transportes e educação.

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