Fundos perderam R$ 730 milhões

Entre 2000 e 2005, os 14 fundos de pensão investigados pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios tiveram prejuízos da ordem de R$ 730 milhões. O mais atingido foi a Prece (da Companhia de Água e Esgotos do Rio de Janeiro), com perdas de R$ 309 milhões. Os dados estão no relatório produzido pelo sub-relator de Fundos de Pensão da CPI, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA), apresentado ontem. Também chamam a atenção os prejuízos alcançados pelos fundos de pensão da Sistel (R$ 153 milhões), da Funcef (R$ 50 milhões) e da Postalis (R$ 14,9 milhões). As 50 pessoas e empresas que mais lucraram com essas operações que deram prejuízos aos fundos devem ser convocadas pela CPMI.

A sessão para apresentação do relatório se deu a portas fechadas para que pudessem ser revelados dados obtidos pela quebra de sigilo bancário. A CPMI analisou investimentos em Bolsas de Valores e em Títulos Públicos que os 14 fundos de pensão de funcionários das estatais fizeram e desconfiou de muitas operações porque os fundos sempre perdiam dinheiro, enquanto algumas empresas e pessoas lucravam com as mesmas. O relatório não será votado e deve ser anexado a documento elaborado pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), relator da comissão.

ACM Neto destacou que o trabalho de 32 dias para elaboração do relatório deve ser encarado como "ponto de partida" para as investigações. O sub-relator disse que seu trabalho tem foco na figura do beneficiário final, que pode ter obtido ganhos com a perda dos fundos de pensão. "Foi exatamente quem pode ter dado prejuízo considerável para os fundos de pensão", afirmou.

"Nos interessou ver quando houve repetição das perdas. Ou seja, sempre de um lado havia um fundo de pensão perdendo e do outro lado havia uma pessoa física ou jurídica ganhando", informou. De acordo com ACM Neto, a repetição das perdas acabou gerando um montante fora dos padrões. "É inquestionável que houve perdas significativas para os fundos de pensão. Vamos mostrar essas perdas, como se operou de ano a ano e quem ficou com o resultado positivo da perda do fundo de pensão". ACM Neto informou que vai entregar seu relatório até o início da semana que vem.

Direcionamento político

O relatório foi criticado pela senadora Ideli Salvati (PT-SC). Segundo ela, houve "direcionamento político" na elaboração do documento. Ela questionou, por exemplo, o fato de ACM Neto ter priorizado novas investigações em empresas como a Global Prev (do ex-ministro da Secretaria Especial de Comunicação e Gestão Estratégica de Governo, Luis Gushiken) e a Trevisan Associados (do empresário Antonino Marmo Trevisan, membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Social) em detrimento de outros contratos de prestação de serviços com fundos de pensão, cujos valores superam o das duas empresas. No relatório, o deputado baiano elenca 21 contratos.

A Petros vai conceder uma entrevista coletiva amanhã para esclarecer o que chama de "informações infundadas que ferem a imagem da Fundação Petrobras de Seguridade Social".

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