Funai em crise com setor indígena

Brasília (ABr) O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, negou, por meio de nota, que tenha questionado o direito à terra dos indígenas brasileiros. No texto divulgado à imprensa, a Funai diz que o "equívoco" foi propagado "em razão de interpretações sensacionalistas". De acordo com matéria publicada pela agência de notícias internacional Reuters, Gomes teria afirmado que os "índios têm terra demais".

A suposta fala de Gomes gerou reações de entidades que trabalham com a causa indígena. Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade ligada à igreja católica, o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, assumiu "o discurso dos fazendeiros". Para o vice-presidente do Cimi, Saulo Feitosa, "isso revela o atrelamento de Mércio Gomes e do governo Lula ao agronegócio e às antigas oligarquias rurais do País".

Na semana passada, o Cimi divulgou dados apontando que 2005 foi o ano com maior número de assassinatos de indígenas na última década, com 38 mortes. O presidente da Funai questionou o fato de entidades apontarem a política indigenista brasileira como responsável pelas mortes. Segundo ele, grande parte dos casos citados no levantamento do Cimi é de conflitos internos entre os próprios índios.

Há um mês, o povo guarani-kaiowá está abrigado em barracos na beira da estrada que liga a cidade de Antonio João a Bela Vista (MS). No dia 15, eles foram despejados, por ordem do Supremo Tribunal Federal, das terras que já haviam sido homologadas pelo presidente da República. A Funai afirma que tenta alocar um terreno para os mais de 500 índios.

Após o despejo, o índio Dorvalino da Rocha, de 40 anos, foi assassinado a queima-roupa. Uma criança guarani-kaiowá morreu de desnutrição e 15 (quinze) crianças estão doentes. Sem terras para plantar, o povo indígena sobrevive de cestas básicas e água, fornecidas pela Fundação Nacional da Saúde (Funasa).

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