Força-tarefa estuda meta ambiental de Dilma

Após o pedido da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, para que as metas ambientais apresentadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) fossem revistas com o objetivo de ampliar a previsão de crescimento do País, os ministérios começaram ontem um esforço concentrado de adequação da proposta. O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) foi contratado com a missão de adaptar o estudo inicial – que previa crescimento de 4% do País e redução de 40% nas emissões de gás carbônico em 2020 – ao cenário da ministra, que aponta crescimento anual da economia de 5% a 6%.

Ontem, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse que crescimento econômico não é “incompatível” com a preservação do meio ambiente. “Não é incompatível com um crescimento mais rápido. Os juros siderais e o câmbio megavalorizado são muito piores para o crescimento do que qualquer medida de defesa do ambiente”, criticou o governador, provável candidato do PSDB à Presidência da República em 2010.

Em viagem pelo Rio São Francisco, Dilma reafirmou que não vê razões para calcular o crescimento do Brasil em torno de 4% nos próximos 20 anos, como fizera o Ministério do Meio Ambiente. “Dá para fazer cenários com o crescimento de 5%, 6%”, disse a ministra. O cenário de crescimento real de 4% havia sido apresentado pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante reunião com Dilma e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na terça-feira, para tratar da proposta que o Brasil levará em dezembro para a conferência sobre o clima, em Copenhagen.

Minc sugeriu um projeto prevendo redução de 80% no desmatamento da Amazônia até 2020 e congelamento nas emissões de CO2, um dos principais causadores do efeito estufa, em relação a 2005. Mas Minc esbarrou no “desenvolvimentismo” da ministra, que quer taxa de 6%. No novo panorama, as metas de redução do desmate podem ficar inalteradas, mas as propostas para diminuir a emissão de CO2 têm de ser recalculadas para patamares menores.