Foragido do FBI preso no Rio e deportado aos EUA

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Jesse James Hollywood já está nos EUA.

Rio – O mais jovem da lista dos dez fugitivos norte-americanos procurados pelo FBI no mundo, Jesse James Hollywood, de 25 anos, foi preso no litoral do Estado do Rio na terça-feira e deportado em 36 horas para os Estados Unidos. Ele era procurado desde agosto de 2000, acusado de tráfico de drogas, seqüestro e assassinato. Líder de uma gangue de jovens delinqüentes do condado de Santa Barbara, na Califórnia, ele é responsável pelo rapto e homicídio de um jovem de 15 anos naquele ano, que causou comoção entre os norte-americanos.

Hollywood foi preso por agentes da Polícia Federal que integram a Interpol e a Delegacia de Polícia de Imigração (Delemig) no Rio. Ele passeava, por volta de meio-dia, num shopping da Praia de Itaúna, em Saquarema, Região dos Lagos, com uma mulher com quem morava. A moça, cuja identidade não foi revelada, está grávida e demonstrou não conhecer a verdadeira identidade de Hollywood. O único documento que ele portava era a fotocópia de uma carteira de identidade falsa com o nome de Michael Costa Giroux. Aos policiais, ele revelou que entrou no País clandestinamente há quatro anos com um passaporte canadense.

Aproveitando a deportação de outro cidadão norte-americano, Hollywood foi enviado de volta aos Estados Unidos na noite de quarta-feira por decisão da Justiça Federal. De acordo com o chefe da Interpol no Rio, delegado Wanderley Martins, a gravidez da namorada não pôde ser usada por ele para pedir asilo no Brasil, um artifício recorrente entre fugitivos internacionais. Segundo Martins, a lei só poderia ser aplicada se o bebê já tivesse nascido.

?Ainda bem que o prendemos agora. Muitos criminosos internacionais são atraídos para o Brasil por causa de facilidades do sistema jurídico como o casamento ou a paternidade para obter a permanência. Mas o Brasil não é mais aquele do Ronald Biggs (ladrão inglês que obteve permanência no Brasil após ter um filho brasileiro). A Justiça examina cada caso?, disse Martins. De acordo com o delegado, não havia indícios de que Hollywood estivesse envolvido com crimes no Brasil. ?Se houvesse, ele não seria deportado?, afirmou.

O FBI acionou os agentes brasileiros em junho de 2002. A agência norte-americana tinha informações de que Hollywood havia passado por Ponta Porã (MS) e até mesmo se refugiado em ordens religiosas no Rio, o que não foi confirmado. Monitorando parentes do rapaz nos Estados Unidos, os agentes do FBI descobriram que ele estava na Região dos Lagos fluminense. Uma das pistas era o envio de cerca de US$ 1.200 mensal da família para ele. Segundo o delegado Martins, Hollywood disse que dava aulas de inglês e tinha poucos amigos na cidade. ?Ele foi muito cuidadoso, não deixava rastro.?

Quando a Polícia Federal recebeu do FBI a informação de que ele freqüentava o shopping, uma equipe de 12 agentes montou uma campana e conseguiu prendê-lo na primeira ação. Eles reconheceram facilmente Hollywood, que não se preocupou em modificar o visual. Para subsidiar os brasileiros, os agentes do FBI enviaram ao Brasil fotos e fitas de vídeo com imagens dele.

Uma delas, do programa de TV America?s Most Wanted (Os mais procurados da América), exibido pela rede CBS, conta os detalhes do principal crime atribuído a ele.

Italiano preso também vai

Brasília – A pedido do governo da Itália, o Supremo Tribunal Federal (STF) concedeu, por unanimidade, na quarta-feira, a extradição do italiano Ciro Scognamiglio, condenado a 24 anos de prisão pelo Tribunal de Nápoles por formação de quadrilha para tráfico de drogas. Scognamiglio está preso no Centro de Detenção Provisória de Vila Independência, em São Paulo. A defesa alegou que o italiano é casado com uma brasileira, que está impedida de ingressar na Itália por motivo de expulsão. Por isso, o pedido para cumprir a pena no Brasil.

O relator do processo, ministro Sepúlveda Pertence, defendeu a extradição sustentando que o fato de o italiano ser casado com brasileira não é um obstáculo legal à medida. Acrescentou que foi cumprida a exigência da dupla tipicidade, ou seja, que o crime que levou ao pedido de extradição tem correspondência na legislação penal brasileira.

Comparsas já foram condenados

Rio – No dia 6 de agosto de 2000, Jesse James Hollywood e quatro cúmplices seqüestraram Nicholas Markowitz, de 15 anos, e o mataram com nove tiros numa cova em um local isolado, nas proximidades de Santa Barbara. O plano tinha como objetivo cobrar uma dívida de US$ 36 mil de Benjamin Markowitz, irmão de Nicholas, relativa ao tráfico de drogas. Os comparsas de Hollywood, que executaram a vítima, foram presos uma semana depois, quando o corpo foi encontrado, e condenados pelo Tribunal de Santa Barbara, o mesmo que julga o cantor Michael Jackson.

Hollywood fugiu para escapar do julgamento. Ele é descrito como perigoso, influente comerciante de entorpecentes e com acesso a armas. No entanto, nasceu numa família de classe média e foi educado em boas escolas. Aos agentes brasileiros, revelou ter sido batizado com o nome do legendário assaltante norte-americano do século XIX pelo pai, Jack Hollywood, que o admirava. Os agentes do FBI ligaram ontem para agradecer aos agentes brasileiros e, segundo o delegado Felício Laterça, chefe da Delemig, informaram que o pai do rapaz também foi preso quarta-feira na Califórnia. A polícia norte-americana encontrou um laboratório de refino de drogas em sua residência. A prisão de Hollywood no Rio foi noticiada ontem pelo jornal norte-americano New York Times.

História vira filme

A história do crime que fez com que Jesse James Hollywood entrasse, aos 20 anos, na lista de mais procurados do FBI chegará aos cinemas num filme de Nick Cassavetes. O ator escreveu o roteiro e dirigiu Alpha Dog, longa-metragem que conta como Hollywood e quatro cúmplices seqüestraram e assassinaram o irmão mais novo de um conhecido que devia a eles dinheiro pela compra de drogas. No filme, que está em fase de pós-produção, Hollywood se chama Johny Truelove e é interpretado por Emile Hirsch. O cantor Justin Timberlake interpreta um de seus amigos, e Bruce Willis é seu pai. De acordo com sites sobre cinema, no filme Nicholas, a vítima, não conhece as razões de seu seqüestro. Ele tem oportunidades de fugir, mas prefere ficar com os seqüestradores, com quem bebe e vai a festas (numa delas, perde a virgindade). Mas alguma coisa dá errado nos planos de Hollywood e sua gangue, o que causa o trágico final do caso.

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