Fazendeiro acusado de mandar matar missionária será julgado em 2008

Brasília – O segundo julgamento do fazendeiro Vitalmiro Bastos Moura, o Bida, acusado de ser um dos mandantes do assassinato da missionária norte-americana Dorothy Stang, deverá acontecer só no ano que vem. A sessão, que estava marcada para a próxima quinta-feira (25), foi adiada, porque o advogado do réu diz estar com problemas de saúde.

Eduardo Imbiriba explica que sentiu-se mal na semana passada devido ao acúmulo de trabalho. ?Procurei um médico, ele constatou que eu estava com pressão alta e recomendou não fazer o julgamento durante esta semana, tendo em vista que é um júri de muita tensão mental e cansaço físico?, justificou. O advogado diz que está tomando medicação e irá fazer uma bateria de exames nos próximos dias.

Como a pauta da justiça estadual tem outros processos a serem analisados, a sessão de julgamento será incluída na pauta do próximo ano.

O advogado acredita que o resultado do julgamento não será influenciado pelo adiamento da sessão e garante que vai lutar pela absolvição de Bida, negando a co-autoria no crime. ?A dificuldade que a defesa vem encontrando nesse processo é a grande pressão exercida por organizações sociais que atuam politicamente e exercem uma pressão enorme em desfavor dos acusados. Mas isso não nos intimida, vamos trabalhar da melhor maneira possível, porque temos provas para absolver Vitalmiro?, afirma.

Ele diz também que a defesa não pretende atacar a vítima e garante que Vitalmiro não tinha motivos para encomendar a morte da missionária. ?Duas horas de sustentação oral não serão suficientes para explorar tudo o que temos em favor dele?.

Segundo o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra, José Batista Afonso, o pedido de adiamento pode ser uma estratégia da defesa, para ganhar tempo e procurar provas em favor do réu. Mas ele acredita que Vitalmiro será condenado à pena máxima, como ocorreu no primeiro julgamento.

O promotor de justiça Edson de Souza, que atua no caso, avalia que, se o pedido de adiamento foi uma estratégia da defesa, pode ser uma ?estratégia suicida?. ?Eles poderiam aproveitar esse momento em que o Rayfran inocenta Vitalmiro para ver se tinha algum reflexo no resultado do julgamento?, afirma, lembrando que, no segundo dia de julgamento de Rayfran das Neves Sales, realizado ontem (22), o réu disse que o fazendeiro não teve participação no crime.

Vitalmiro Bastos de Moura foi condenado, em maio deste ano, a 30 anos de reclusão pela acusação de mandar matar a missionária Dorothy Stang, em fevereiro de 2005. Como a pena excedeu os 20 anos de prisão, ele tem direito a um novo julgamento.

O réu confesso do assassinato da missionária Dorothy Stang, Rayfran das Neves Sales, foi condenado a 27 anos de prisão no segundo julgamento do caso, concluído na madrugada desta terça-feira (23) em Belém (PA).

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