Familiares de guerrilheiros rejeitam ação do Exército

Familiares de mortos e desaparecidos durante a ditadura militar já decidiram que não vão participar, sob nenhuma hipótese, do grupo de trabalho criado pelo governo para a localização e identificação dos corpos dos guerrilheiros desaparecidos na Guerrilha do Araguaia. Em nota sobre o assunto, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos repudiou a Portaria nº 567, assinada em abril pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, que criou o grupo de trabalho e o colocou sob o comando de militares.

“Rejeitamos o caráter militar da expedição”, disseram os representantes dos familiares. “Defendemos que todas as iniciativas de localização, recolhimento e identificação dos corpos dos guerrilheiros mortos e desaparecidos sejam conduzidas pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, constituída e funcionando sob o escopo da Lei nº 9140, de 1995, cuja competência legal e ética é inquestionável.”

Para a ativista Criméia Almeida, que perdeu três familiares na Guerrilha do Araguaia, a presença de militares à frente da operação soa como provocação. Ela cita particularmente a indicação do 23º Batalhão de Infantaria da Selva para dirigir as expedições de busca na região de Xambioá, no Pará. Segundo Criméia, a unidade militar esteve envolvida no conflito e, por isso, não estaria em condições de agir de maneira isenta. “O batalhão combateu a guerrilha e mobilizou pessoas da comunidade para colaborar com o Exército”, diz.

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