Expectativa agora é sobre renúncia

Brasília – O ex-líder do PMDB na Câmara José Borba (PR) chegou pouco depois das 17h de ontem à Polícia Federal para prestar depoimento no inquérito que apura o suposto mensalão. Borba negou que vá abrir mão do mandato para escapar de uma possível cassação e a perda de direitos políticos. Segundo ele, a renúncia é uma saída legítima mas não está em seus planos. "A renúncia é um instrumento ao alcance de todos, mas não vou renunciar, eu já disse", afirmou o peemedebista, que chegou acompanhado de dois advogados.

O jornal Folha de S. Paulo publicou ontem versão do advogado de Borba, Roberto Bertholdo, segundo a qual "é só o processo dar entrada na Mesa Diretora que o Borba entrega uma carta de renúncia". O deputado negou também que tenha recebido repasses do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, um dos operadores do caixa do PT. Borba não explicou, no entanto, por que seu nome aparece na lista de beneficiários de Marcos Valério.

Outro que negou que irá renunciar é o bispo Wanderval Santos (PL-SP). Wanderval disse ser inocente e estar tranqüilo de que não será cassado. O deputado não pretende recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão da Mesa da Câmara de enviar as representações contra os 13 ao Conselho de Ética, embora esperasse uma análise prévia da culpabilidade caso a caso. "Não vou renunciar em hipótese alguma", afirmou.

Petistas

Depois de conversar com os deputados petistas que também correm o risco de perder o mandato, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) disse ontem que a tendência é que os parlamentares recorram ao Supremo Tribunal Federal contra a decisão da Mesa da Câmara de enviar seus processos ao Conselho de Ética em bloco, sem analisar caso a caso. Para ele, a Mesa não cumpriu a decisão do Supremo de assegurar o amplo direito de defesa e cumprir o devido processo legal. "A Mesa podia arquivar, prever um outro tipo de pena, ela tem que se pronunciar, não pode mandar tudo em bloco. Não existe no mundo julgamento coletivo", afirmou.

Questionado sobre o fato de a Mesa ter determinado que os processos sejam desmembrados no Conselho de Ética não atendia ao pressuposto de processos individualizados e ampla defesa, João Paulo disse que não e voltou a dizer que a Mesa não poderia ter enviado os processos em bloco. João Paulo disse ainda que não pretende renunciar, mas que cada colega de partido vai julgar sua própria situação e deve tomar a decisão depois de consultar a família e sua base eleitoral. "Não tenho disposição de renunciar. Não roubei, não matei e nem recebi dinheiro público", afirmou.

Já o ministro de Relações Institucionais, Jaques Wagner, garante que o processo de cassação envolvendo deputados petistas não vai causar mais desgaste ao partido nem ao governo porque o PT já está pagando pelos erros que cometeu. "Eu entendo que o episódio está consolidado, as investigações estão caminhando, aquilo que era esperado pela sociedade chegou, que é o indiciamento daqueles que se envolveram nesse episódio, mas sinceramente eu creio que não há mais do que aquilo que já se consolidou como desgaste", afirmou. 

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