Esposas de controladores de vôo fazem protesto em Brasília

Brasília – Ao som de apitos, esposas de controladores de vôo percorreram a Esplanada dos Ministérios nesta terça-feira (5). Elas carregaram faixas pedindo a desmilitarização do serviço de controle de vôo, mais respeito para os controladores e fizeram um apelo ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, para que tome uma atitude em relação ao problema do controle de vôo, que se instalou no país depois do acidente com o Boeing da Gol em setembro de 2006. O Comando da Aeronáutica nega as acusações.

?A gente quer dizer para a sociedade que o governo não fez nada para melhorar a situação dos controladores e, hoje, eles estão numa situação de stress muito grande? afirmou Lúcia da Silva, uma das manifestantes. ?A gente está aqui para pedir a desmilitarização, porque a gente tem certeza de que é o melhor caminho?, completa.

Lúcia afirma que o stress pelo qual os controladores estão passando tem afetado não só as condições de trabalho. "Eu tenho notícias de algumas famílias que estão desestruturadas, alguns casamentos que estão se desfazendo", por causa da crise. Ela diz que muitos controladores estão em depressão, desmotivados para trabalhar e isso afeta as famílias.

Um dos documentos que as esposas devem entregar a Marcelo Castro (PMDB-PI), presidente da Comissão Parlamentar de inquérito (CPI) do Apagão Aéreo na Câmara dos Deputados, é uma pesquisa feita por uma psicóloga no Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) III, em Recife (PE), em 1999. De acordo com a psicóloga, 23% dos controladores entrevistados apresentavam um nível altíssimo de stress, e 25% tinham nível alto.

Outro motivo para a manifestação, segundo as esposas, é o medo que seus maridos têm de falar à imprensa. ?Eles não podem falar, são proibidos de falar, eles não têm medo da imprensa, eles têm medo da punição e da perseguição?, afirma Lúcia. Para ela, as esposas fazem o que os maridos não podem fazer por serem militares. ?Tudo o que eles mais gostariam na vida é o direito à liberdade de expressão?, complementa.

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