Dourado rebate denúncias de Buratti

Brasília (AE) – Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos, o chefe de Gabinete do Ministério da Fazenda, Juscelino Dourado, rebateu ontem todas as denúncias feitas pelo advogado Rogério Buratti, ex-assessor do ministro da Fazenda Antônio Palocci. Dourado negou, veementemente, que Palocci tenha recebido propina do Grupo Leão Leão quando era prefeito de Ribeirão Preto (SP) entre 2000 e 2002 ou que tenha tratado alguma vez dos contratos da Caixa Econômica Federal (CEF) com a empresa Gtech.

Apesar da defesa do ministro, Dourado adotou a mesma estratégia de Palocci e não atacou Buratti, de quem se diz amigo muito próximo – Buratti foi seu padrinho de casamento. Apesar da insistência dos senadores, recusou-se a dizer diretamente que o advogado havia mentido ao fazer a acusação. Preferiu dizer que entendia a situação em que ele se encontrava quando fez a acusação. O advogado estava preso em Ribeirão Preto quando falou com o Ministério Público de São Paulo e apresentou a acusação pela primeira vez.

Seguro e sem entrar em contradições, Dourado driblou com facilidade as perguntas dos senadores, a maioria delas repetidas, mas deixou dúvidas nos integrantes da CPI. O chefe de gabinete disse, por exemplo, que Palocci nunca tratou do contrato da Gtech com a CEF. ?Não passou na nossa pauta de trabalho no ministério a discussão do contrato da Gtech. Obviamente, o ministro tinha despachos ordinários com os presidentes das empresas subordinadas ao Ministério da Fazenda?, disse, mas acrescentou que o ministro não costumava tratar dos contratos específicos das estatais. ?Acho muito difícil que o ministro não discutisse um contrato que era o maior da Caixa com uma empresa privada?, disse o senador José Jorge (PFL-PE).

Dourado afirmou, ainda, que Ralf Barquete, assessor especial da CEF e ex-secretário da Fazenda de Palocci em Ribeirão Preto, chegou a pedir uma audiência com o ministro, mas não foi recebido. Barquete, que morreu em julho do ano passado, foi apontado por Buratti como o homem que recebia a propina da Leão Leão e encaminhava ao PT e quem teria indicado Buratti à Gtech para negociar a renovação do contrato com a Caixa em troca de doações ao partido.

De acordo com Buratti, Barquete teria discutido a proposta com Palocci, que teria dito que não se meteria na negociação. Dourado diz que Barquete tentou uma audiência no início de 2003, logo que assumiu o cargo na CEF, dizendo que gostaria de discutir assuntos da Caixa.

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