Diretor-geral entra no caso de roubo na PF

Brasília (ABr) – O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, determinou que o diretor-geral da PF (Polícia Federal), delegado Paulo Lacerda, acompanhe pessoalmente as investigações sobre o furto de cerca de R$ 2 milhões da sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio, ocorrido no final de semana. A expectativa é que Lacerda siga hoje para o Rio.

As notas de euro, dólar e reais foram apreendidas durante a Operação Caravelas, que investiga atuação de uma suposta quadrilha de tráfico internacional de cocaína formada por empresários.

Depois do furto, toda a equipe da DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes) e duas equipes de plantão foram afastadas. Ao todo, 59 agentes – entre eles cinco delegados – são investigados. As fotocópias das notas apreendidas não teriam sido feitas, o que deve dificultar o rastreamento do dinheiro.

Depósito

Em depoimento ao corregedor Victor Hugo Poubel e em conversas com policiais federais da superintendência, o escrivão Fábio Marôt Kair, responsável pela guarda do dinheiro, disse que estava pronto para depositar o valor na agência do Banco do Brasil no centro, na sexta-feira passada. Só não o fez por ter recebido ordem direta do superintendente em exercício, Roberto Prel.

A determinação foi para manter o dinheiro na PF durante o fim de semana. A colegas, Kair disse desconfiar que a intenção era mostrar o dinheiro aos jornalistas.

De acordo com linha de investigação mais forte, policiais federais podem ter cometido o crime para ?vender? o dinheiro para a própria quadrilha de traficantes de quem os valores foram apreendidos.

?Há outras possibilidades, como eles terem roubado para eles próprios, mas a linha mais forte é o furto em nome da quadrilha?, disse à Folha o delegado Getúlio Bezerra, diretor de Combate ao Crime Organizado da PF.

Mudou na terça-feira passada a versão apresentada pela PF para o furto. Por meio de sua assessoria de imprensa, Prel admitiu que o dinheiro não estava na sala-forte, mas sim em um cofre menos seguro. O cofre estaria em uma sala, protegida por grades de ferro, na DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes). Para chegar aos dólares e euros, os criminosos arrombaram seis fechaduras, e não duas. O cômodo fica no mesmo andar da sala-forte.

A Polícia Federal ainda não confirmou se foram feitas ou não cópias das notas dos mais de R$ 2 milhões confiscados na Operação Caravelas e sumiram da Superintendência da PF. Agentes que participaram da operação garantem que isso não chegou a ser feito por falta, inclusive, de papel para xerox.

Outras falhas deverão dificultar ainda mais a apuração do sumiço dos mais de R$ 2 milhões. Salas invadidas pelos criminosos, como o cartório da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), não foram preservadas. Sem saber do roubo, uma faxineira foi a primeira a entrar na delegacia. Ela limpou mesas, fechou algumas das gavetas reviradas e varreu o chão.

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