Denise Abreu afirma que renúncia foi resposta a uma possível manobra do governo

Com uma pilha de documentos em cima da mesa, a ex-diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Denise Abreu começou, por volta das 10h da manhã, o depoimento na Comissão de Infra-Estrutura do Senado. Ela pretende explicar as denúncias que fez sobre irregularidades na venda da Varig e da VarigLog.

Denise atribuiu a sua renúncia do cargo, em agosto do ano passado, resposta a uma possível manobra do governo para esconder os verdadeiros motivos da crise aérea, então vivida pelo país.

"Foi um basta às inúmeras calúnias que se prestavam a esconder as verdadeiras razões do caos aéreo", disse. "Fui considerada bode expiatório para blindar os problemas gravíssimos que havia no sistema aéreo", completou dizendo que tinha duas razões para "o governo arquitetar" a renúncia dela do cargo: primeiro, dizendo que era uma "trama da aeronáutica" e, em seguida, que o novo ministro queria fazer alterações na equipe.

"Tinha certeza de que isso não era verdade. Sempre tive relacionamento amistoso com o comando da Aeronáutica". Depois, que era interesse do então novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, de renovar a equipe. "Nunca trabalhei com o Jobim. Tenho certeza de que foi mais uma desculpa para todo o massacre arquitetado. Jamais deixei de acreditar que outros interesses se escondiam por trás dessas duas desculpas apresentadas à mim".

Denise admitiu que procurou os senadores Sérgio Guerra (PSDB-RJ) e Tarso Jereissatti (PSDB-CE), dizendo que havia um dossiê falso elaborado contra ela no período de agosto e novembro de 2006. O dossiê conteria informações de que Denise teria contas no Uruguai e cartões de crédito no exterior.

"Procurei sim os dois senadores para relatar minhas preocupações com as perseguições que ainda vivia após minha renúncia ao cargo de diretora. Jamais tive essas contas, tampouco estes cartões", disse.

Denise trouxe uma mala de documentos para comprovar as denúncias que fez à imprensa na semana passada.

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