Debate aponta tendência de 2.º turno

Rio

– O candidato do PSDB, José Serra, foi ontem ao Rio de Janeiro, onde entrou na igreja de Santa Efigênia, ajoelhou e rezou para que as eleições de amanhã apontem para um segundo turno em que ele enfrente o candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Serra chega ao final desta etapa da campanha com duas dúvidas: se vai haver primeiro turno e se houver se ele estará nele. As pesquisas apontam favoritismo de Lula e também um crescimento de Anthony Garotinho (PSB), que não chegou a desapontar no debate da Globo.

Na realidade, o debate foi uma grande frustração, até para o presidente Fernando Henrique Cardoso, que o considerou medíocre. O mercado financeiro se animou ontem com a possibilidade de segundo turno, porque avaliou que Lula foi mal no debate. “Se o mercado já havia assimilado a vitória de Lula no primeiro turno, voltou atrás”, disse um analista. Opinião semelhante tem o cientista político Fernando Abrucio, professor da FGV-SP e da PUC. Para ele, Lula perdeu no debate a chance de conquistar os votos que faltavam para levar no primeiro turno. Mesmo assim, Abrucio acha difícil Lula perder a eleição no segundo turno, porque seu eleitor tem um voto consolidado forte que dificilmente mudará.

Mas a expectativa de ganhar já no primeiro turno prejudicou o candidato do PT. “Isso está fazendo muito mal ao Lula.” Mas quem irá com Lula, ainda é incerto.

Segundo o cientista político da USP, Rubens Figueiredo, deve haver segundo turno por outra razão. O debate de anteontem não teve a força para influenciar ninguém e assim permanece o quadro anterior, de tendência de segundo turno por pequena diferença. Ele também não arriscou quem vai com Lula para este eventual segundo turno.

O presidente da Associação Comercial de São Paulo, Alencar Burti, disse que o debate na Globo demonstrou que o País está diante de um quadro sério e perto da situação limite. Ele disse que a participação dos candidatos foi teatralizada e que o eleitor vai comprar um pacote sem saber o produto a que tem dentro.

Finalmente, o presidente nacional do PSDB, José Aníbal, está otimista. Ele disse que confia que a eleição seja decidida somente no segundo turno. Aníbal anunciou a disposição de, terminadas as duas etapas do pleito e, num eventual governo do candidato da Grande Aliança, José Serra (PSDB-PMDB), procurar as legendas com o objetivo de negociar a ampliação da maioria parlamentar visando a aprovação de reformas no Congresso.

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