De olho em 2006, Lula fortalece o PT

Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está trabalhando para fortalecer o PT. Discretamente, ele iniciou namoro com alguns governadores visando às eleições de 2006.

O ingresso no PT de líderes regionais importantes, avalia um interlocutor do presidente, reforçaria a estrutura do partido para a sua reeleição. Neste momento, dois nomes estão na mira de Lula: os governadores socialistas Ronaldo Lessa (AL) e Paulo Hartung (ES), que acompanha o presidente na sua viagem pelo Oriente Médio. Antes, Lula já havia feito um convite ao tucano Cássio Cunha Lima (PB).

Desta vez, a sondagem de Lula foi feita durante a viagem a Maceió, no dia 20 de novembro. A conversa aconteceu num almoço, no restaurante Família Giulliano. Além do presidente, estavam na mesa os governadores Ronaldo Lessa (PSB-AL) e Paulo Hartung (PSB-ES) e o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL). No meio da conversa, Lula sugeriu que seria muito bom ter Lessa e Hartung nos quadros do PT. Dos quatro participantes do almoço, dois confirmaram a Globo o convite feito pelo presidente.

Um dos participantes assegurou que foi uma sondagem. Mas ficou claro que Lula trabalha com a possibilidade de fortalecer o partido para enfrentar as próximas eleições.A cúpula do PT não nega a sondagem, mas tenta minimizar o fato. “Lula costuma fazer galanteios. Mas não existe nem um convite formal. O PT tem planos para crescer. Mas nós somos muito cuidadosos com os nossos aliados. Queremos crescer na base”, observa o presidente do PT, José Genoino.

Com quem tem conversado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixa a impressão de que deseja dar prosseguimento ao leque de alianças que fez nas eleições passadas, quando o PT coligou-se com o PL, um partido de centro. Mas agora, avaliam interlocutores de Lula, ele vislumbra também a possibilidade de ampliar o eleitorado do próprio PT com a filiação de quadros de credibilidade oriundos da centro-esquerda e até mesmo do centro.

Recentemente, Lula explicou melhor o seu pensamento. A tese do presidente é de que a saída dos radicais, como a senadora Heloísa Helena (PT-AL), e os deputados Luciana Genro (RS), João Batista Babá (PA) e João Fontes (SE) é apenas uma primeira etapa. Numa conversa com governadores, ele fez uma análise de que a saída do militantes mais à esquerda do PT pode dar a possibilidade de o partido caminhar para uma direção mais moderada e com isso conquistar um novo eleitorado.

“Radicais” serão mesmo expulsos

Brasília

(AG) – Às vésperas da decisão de expulsar do partido quatro parlamentares rebeldes, o presidente nacional do PT, José Genoino, afirmou que está vivendo uma das fases mais duras de sua vida. A expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados João Batista Babá (PA), Luciana Genro (RS) e João Fontes (SE) está prevista para a reunião do diretório nacional do PT no próximo fim de semana. Magoado, ele reclama de “companheiros que tratam os dirigentes do PT pior que o pior dos inimigos”. E não se conforma com os intelectuais que praticam o “idealismo criticista”, como ele diz.

Ele diz que quem vai decidir é o diretório, mas o PT está numa encruzilhada. “O parecer majoritário da Comissão de Ética é pela expulsão. Como é que uma coisa que está no coração é tão maltratada? Quando você diz que uma pessoa está no seu coração, você não maltrata tanto, você tem algum momento de generosidade”, defende.

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