CPMI esquenta os ânimos no Congresso

A prorrogação dos trabalhos da CPMI dos Correios até abril de 2006 deverá funcionar como combustível para acirrar os ânimos no Congresso. Depois de assistir ao esforço do Palácio do Planalto para impedir a ampliação do prazo das investigações, o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN), avisa que o governo deve se preparar para viver seus piores momentos. A senadora Ideli Salvatti (PT-SC) reconhece que o clima, que era ruim, tende a piorar com a proximidade do ano eleitoral.

"Estamos apenas esquentando as turbinas. A investigação que era feita no campo das evidências, agora começa a se amparar em provas. É bom que o governo se prepare", adverte Agripino.

"A oposição colheu sorrateiramente assinaturas para garantir a prorrogação da CPMI não por estar preocupada com a investigação, mas sim em represália ao governo. Perdeu-se o senso da razoabilidade e qualquer reação do governo é recebida como afronta pela oposição", retruca Ideli.

A próxima batalha será a votação do relatório parcial sobre movimentação financeira apresentado pelo deputado Gustavo Fruet (PSDB-PR). Ideli pretende apresentar um voto em separado para incluir no texto de Fruet o empréstimo contraído em 1998 pelo empresário mineiro Marcos Valério de Souza para ajudar na campanha de Eduardo Azeredo, então candidato do PSDB ao governo de Minas Gerais.

"Vamos apresentar voto em separado para diminuir a parcialidade desse relatório que parte do pressuposto que o valerioduto começou em 2003", justifica Ideli.

Relatório parcial

Para Fruet, as queixas dos governistas não procedem, pois seu relatório é parcial e analisou os dados da movimentação financeira de Marcos Valério e de suas empresas entre 2001 e 2005. Apesar da ampliação da quebra desses sigilos até 1998, os novos dados não chegaram à CPMI.

"Nos dados apresentados por Valério não há referência ao empréstimo para saldar dívidas da campanha de Azeredo. Em vez de discutir o meu relatório, os governistas estão querendo vinculá-lo a temas que não foram apurados totalmente", reagiu Fruet.

Para o senador Tasso Jereissati (CE), que assumirá a presidência do PSDB na próxima semana, o clima de confronto deverá se agravar, e a descoberta de que recursos da Visanet/Banco do Brasil teriam alimentado o valerioduto compromete o governo Lula.

Voltar ao topo