CPI acha vínculo entre Valério e Dantas

Arquivo / O Estado

O banqueiro Daniel Dantas é um
dos homens mais ricos do Brasil.

Brasília – Nos últimos cinco anos, 27 empresas depositaram R$ 159 milhões em uma conta da DNA Propaganda, de Marcos Valério, no Branco do Brasil. O principal depositante individual é a Visanet, com aportes que alcançam R$ 44,217 milhões. A Telemig Celular e a Amazônia Celular, controladas pelo Opportunity, de Daniel Dantas, fizeram nove depósitos que somam R$ 61,3 milhões. Empresas como a Fiat e a Eletronorte também aparecem nos dados levantados pela CPI Mista  dos Correios.

Três empresas de telefonia ligadas ao Opportunity, de Daniel Dantas, e o consórcio controlador dos cartões Visanet foram identificados pela CPI Mista dos Correios como origem de mais de dois terços dos depósitos de terceiros recebidos no Banco do Brasil pela DNA Propaganda Ltda. A DNA é uma das empresas com participação acionária de Marcos Valério Fernandes de Souza, acusado de ser operador do suposto pagamento de propinas a políticos conhecido como "mensalão".

Um levantamento feito pela CPI foi vazado na noite de terça-feira por um parlamentar, com o compromisso de não ser identificado. O documento mostra que a conta 601.999 da DNA Propaganda na agência 3608 do Banco do Brasil (BB) recebeu no período analisado (últimos 5 anos) R$ 230 milhões em depósitos. A própria DNA abasteceu a conta com depósitos e transferências que somam R$ 71 milhões. Os demais R$ 159 milhões resultam de depósitos de 27 empresas, na maioria identificadas como clientes ou empresas de comunicação, e de órgãos do governo de Minas Gerais.

O maior depósito individual de uma empresa para a DNA, no valor de R$ 44,217 milhões, tem como origem a Companhia Brasileira de Meios de Pagamento, segundo o relatório da CPI. Trata-se de uma associação criada em 1995 pela Visa Internacional, Banco do Brasil, Bradesco e Banco Real, responsável pelos cartões de pagamento eletrônico Visanet. A assessoria de imprensa da DNA informou que a agência detém, desde 1994, a conta publicitária dos cartões de crédito do Banco do Brasil, que operam pelo sistema Visanet.

Outra operadora de cartões, a Servinet, depositou R$ 6,4 milhões. A Redecard fez dois depósitos que somam R$ 144 mil. A Telemig Celular e a Amazônia Celular, controladas pelo Opportunity, fizeram nove depósitos que somam R$ 61,3 milhões. Outra controlada do Opportunity, a Brasil Telecom, fez um depósito de R$ 823 mil. A estatal Eletronorte fez três depósitos que somam R$ 16,5 milhões. O governo de Minas Gerais fez depósitos na conta da DNA por meio de sua conta única, da Secretaria de Fazenda e da Secretaria de Saúde, no valor de R$ 2,7 milhões.

A assessoria de imprensa da DNA informou que os depósitos correspondem ao pagamento pela prestação de serviços a essas empresas, incluindo criação, produção e veiculação de publicidade. O levantamento da CPI também inclui três depósitos da Fiat Automóveis, totalizando R$ 4,6 milhões. A assessoria da DNA informou que a agência fez trabalhos de publicidade para a Fiat até abril deste ano.

Quem é Dantas?

Formado em engenharia e economia, o banqueiro baiano Daniel Dantas, 50, dono do grupo Opportunity, é um dos homens mais ricos do Brasil. Seu império foi construído em cima de fundos de pensão públicos e de sócios estrangeiros. Em 1998, Dantas esteve no centro das investigações sobre suspeitas de favorecimento na privatização de empresas do Sistema Telebrás. No ano passado, a Brasil Telecom – controlada até então por ele – foi acusada de contratar a Kroll para espionar a Telecom Italia. As investigações atingiram o governo federal. 

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