Controle do Tamiflu no País é falho, diz estudo

A vigilância dos eventos adversos do medicamento oseltamivir (Tamiflu) em grávidas com o vírus da Influenza A (H1N1), popularmente conhecida como gripe suína, deixa a desejar no País, segundo o mais recente relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com o documento, concluído em outubro, apenas quatro casos de monitoramento do uso em gestantes foram reportados. Em agosto deste ano, durante o pico da epidemia no Brasil, o órgão regulador determinou que o uso do medicamento em gestantes doentes fosse cuidadosamente acompanhado, em razão dos efeitos da droga sobre a mãe e o bebê ainda serem desconhecidos.

Até setembro, pelo menos 856 gestantes tinham adoecido e, teoricamente, recebido o remédio por estarem no grupo de risco. Até agora, 1.926 grávidas tiveram a doença. Em agosto, a Anvisa também reforçou o dever da indústria farmacêutica, de serviços de saúde e de profissionais do setor reportarem qualquer problema no uso do remédio. No total, 104 casos de reações adversas chegaram à agência, número também pequeno diante dos 9.249 casos graves registrados até setembro e que, em tese, demandariam medicação. Hoje são computados 27.850 casos graves da doença. O Brasil já distribuiu cerca de 1 milhão de tratamentos.

Ainda segundo o relatório da Anvisa, além de aperfeiçoar a vigilância da droga nas gestantes, é preciso melhorar o preenchimento dos formulários de notificação. Por fim, a agência apontou que cerca de um terço das reações ainda está sendo analisada e não há nenhuma conclusão sobre o grau de relação das ocorrências com o remédio.

“Não tivemos sucesso”, afirmou Adauto Ribeiro, responsável pela área de farmacovigilância do Estado de São Paulo, durante simpósio sobre a pandemia de gripe suína na última segunda-feira. Ele destacou que, em testes com animais, a droga causou casos de malformações de filhotes e que a vigilância do uso em gestantes deveria ser melhorada. De maio a dezembro deste ano houve apenas 68 notificações sobre o oseltamivir em São Paulo, a maioria feita por hospitais, número considerado baixo, segundo Ribeiro. “No pico da epidemia, agosto, o número foi baixíssimo.”