Cientistas ficam perto de criar vacina contra a aids

São Paulo (AE) – O HIV, vírus da aids, conhecido por sua capacidade de se mutar freqüentemente e assim driblar o sistema imunológico, também tem seu ponto fraco. E ele acaba de ser visualizado por uma equipe de cientistas americanos. Pesquisadores da área já sabiam que a proteína gp120, presente na superfície do vírus, é estável. Ela é a responsável por se ligar às células humanas e infectá-las, e por isso não pode variar. Por conta disso, o vírus a protege até o último segundo, deixando-a exposta apenas quando ela vai se grudar em seu alvo. Ocorre que, neste momento, ela fica vulnerável ao ataque de um anticorpo específico, que pode neutralizar o HIV.

Agora, uma equipe liderada por Peter Kwong, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas, dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, conseguiu registrar este momento de fragilidade com o uso de uma sofisticada técnica conhecida como cristalografia – uma espécie de raio X em nível molecular. A descoberta, divulgada em edição da revista ?Nature? (www.nature.com), sugere que este pedaço do vírus pode funcionar como um verdadeiro calcanhar-de-aquiles do parasita e abrir caminho para o desenvolvimento de uma vacina contra a aids. E o melhor, este buraco nas defesas do HIV é comum a todas as variantes do vírus.

O que os pesquisadores perceberam é que, do mesmo modo que a gp120 se liga às células CD4 do nosso sistema imune como se uma fosse a chave e a outra a fechadura, ela também se gruda com a mesma precisão a um anticorpo conhecido como b12 – ele é um dos poucos anticorpos desenvolvidos até hoje que de fato consegue neutralizar o vírus, mas não se entendia muito bem como. ?Uma das maiores dificuldades em desenvolver uma vacina é que ainda não estava claro se de fato havia um local em que o vírus poderia ser vulnerável a um anticorpo. Agora sabemos onde é. E o b12 atua justamente se ligando a esse ponto frágil?, explica Kwong. 

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