Carter tenta solução na Venezuela

Caracas – Após reunir-se por duas horas com o ex-presidente dos EUA, Jimmy Carter, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse ontem que aceitaria uma emenda constitucional que reduzisse a duração de seu mandato, desde que a decisão fosse referendada em plebiscito. A emenda à Constituição e a realização de uma consulta revogatória do mandato de Chávez a ser realizada a partir de agosto são as duas propostas que serão apresentadas pelo Centro Carter, dirigida pelo ex-líder americano ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 2002, à mesa de diálogo entre o governo e a oposição venezuelana. As negociações são mediadas pelo secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), César Gaviria.

O diálogo conta ainda com uma agremiação de facilitadores, reunidos no Grupo de Países Amigos para a Venezuela, liderado conjuntamente por Brasil e EUA e cuja primeira reunião está marcada para sexta-feira. Carter explicou que o centro desenhou a proposta específica de referendo revogatório do mandato presidencial, “que se realizaria em 19 de agosto”. A oposição venezuelana, que promove uma greve geral que já dura 51 dias, exige a renúncia imediata de Chávez e a antecipação de eleições.

“Creio que ninguém imaginou que o protesto se estendesse por mais de 50 dias e acredito que não interessa a ninguém que ela se prolongue ainda mais”, disse Carter. A Constituição venezuelana abre a possibilidade de interromper o mandato do presidente da República, governadores de Estado e prefeitos por meio de um referendo que pode ser realizado a partir da metade do mandato vigente, no caso de Chávez, a partir de 19 de agosto.

O Governo brasileiro divulgou ontem que está disposto a se reunir com integrantes da oposição ao governo do presidente venezuelano Hugo Chávez, embora o nível oficial desse eventual encontro dependa da representatividade política desse grupo, informou o chanceler brasileiro, Celso Amorim. “O Governo brasileiro e eu como chanceler estamos dispostos a receber líderes da oposição.

Agora, o nível em que seriam recebidos dependerá de sua própria representatividade no conjunto dessa oposição”, disse o ministro de Relações Exteriores.

Amorim destacou que “ninguém disse que o presidente (Luiz Inácio Lula da Silva) não receberá a oposição venezuelana. Mas, quem os receberia e em que momento são questões que estão sendo discutidas. Acho que o importante é nossa abertura para o diálogo”. O Brasil liderou os esforços para a criação de um grupo de países amigos da Venezuela e foi duramente criticado pela oposição antichavista, que exige do país uma “imparcialidade”.

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