Cargos comandam candidaturas na Câmara

Foto: Agência Câmara
Câmara Federal: para cientistas políticos, Aldo Rebelo e Arlindo Chinaglia são praticamente a mesma coisa.

Interesses por cargos na mesa diretora, ocupação partidária dos ministérios e uma reforma política que beneficie os grandes partidos comandam, de fato, as candidaturas do presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e do líder do governo na Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), a presidente do Legislativo, dizem cientistas políticos. Chinaglia tem levado vantagem porque, por pertencer ao PT, uma legenda grande, que ainda por cima é a do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tem o que oferecer em troca do voto; Rebelo, pelo contrário, nada tem.

Afora estes detalhes, a semelhança entre eles é tão intensa que até confunde. Até há poucos dias, Rebelo e Chinaglia eram os principais esteios do governo de Lula dentro da Câmara. O presidente da Câmara, por ser afinadíssimo com a administração federal, ex-líder do governo e ex-ministro da Articulação Política; Chinaglia, por ser o líder do governo. Juntos, o presidente da Câmara e o líder do governo na Casa foram as peças principais do jogo político entre situação e oposição nos últimos 15 meses – desde que Rebelo substituiu o ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que renunciou ao mandato para fugir de um processo de cassação.

?Eles não têm diferença nenhuma. Vão conduzir a Câmara de acordo com os interesses do Palácio do Planalto?, afirma o cientista político Paulo Kramer, professor de uma cadeira de política no curso de pós-graduação da Universidade de Brasília (UnB). ?O que está em jogo é quem tem mais a oferecer. Chinaglia atraiu o PMDB porque este partido viu nele a possibilidade de conseguir mais cargos no ministério que o presidente vai formar; e a base do PT vê em Chinaglia o nome que pode ser, justamente, o obstáculo para que o PMDB tome o poder?, analisa. ?Chinaglia vive desta ambigüidade. Quanto a Rebelo, seu problema é que ele não tem moeda para a troca.?

Desde a Constituinte à frente da publicação ?Quem é quem no Congresso? e os ?Cem cabeças do Congresso?, o cientista político Antônio Augusto de Queiroz, do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), também afirma que não há diferença entre o presidente da Câmara e o líder do governo. Para Queiroz, nem a natural propensão de Chinaglia ser mais governista do que Rebelo, por pertencer ao PT, pode ser aplicada porque o comunista também é ligado a Lula e ao Poder Executivo.

O centista político lembra que a aproximação do PSDB do PT, ao prestar apoio à candidatura do líder, tem motivação maior do que as apresentadas até agora, de cargos na mesa e de várias presidências de Assembléias Legislativas para os tucanos em estados como Bahia, Minas Gerais e São Paulo. Um fator que une PT e PSDB é a mudança política.

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