Brasil transfere tecnologia à Índia para luta contra malária

Os governos do Brasil e da Índia assinaram, em Nova Delhi, capital indiana, acordo de cooperação para a transferência de tecnologia na produção de medicamento antimalárico, que é mais eficiente para o tratamento da doença. A parceria permitirá que a Índia produza o ASMQ, uma combinação das substâncias artesunato (AS) e mefloquina (MQ), desenvolvida pela Fundação Oswaldo Cruz e a organização internacional DNDi, sigla em inglês para “Iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas”. O acordo foi firmado pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão, que está em missão à Índia.

Pelo acordo, no formato de parceria público-privada (PPP), a Fiocruz vai transmitir a tecnologia brasileira para a produção do medicamento pela empresa indiana privada Cipla. A cooperação foi formalizada por autoridades de Saúde da Índia e o ministro da Saúde do Brasil, José Gomes Temporão, que está em missão naquele país, onde lidera comitiva formada pelo alto escalão da iniciativa pública e privada brasileira nas áreas de saúde e negócios.

“Viemos buscar tecnologia e acabamos transferindo o nosso conhecimento e a experiência do Brasil no desenvolvimento de produtos e serviços em saúde pública”, conta o ministro Temporão. “Isso prova que nos tornamos respeitados mundialmente e poderemos contribuir para a melhora da saúde de outras populações”, acrescenta.

A produção licenciada do antimalárico pela Índia irá abastecer o sudeste asiático. Nessa região, é alta a incidência de malária, especialmente a do tipo falciparum, considerada a forma mais agressiva da doença e para a qual o ASMQ é indicado.

As combinações medicamentosas contendo derivados de artemisinina (ACTs) são consideradas os melhores tratamentos disponíveis contra a malária falciparum e decisivas nas estratégias de luta contra a doença. Fácil de usar, eficaz e segura, além de mais acessível financeiramente, a combinação de AS e MQ é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), desde 2001, como um dos quatro ACTs de primeira linha para o tratamento antimalárico.

De acordo com a Fiocruz, o tratamento completo da doença com o ASMQ custa o equivalente a R$ 4,25 (2,50 dólares) por paciente. Além do Sistema Único de Saúde (SUS), o Laboratório BioManguinhos da Fiocruz – em parceria com a DNDi –  venderá o medicamento, a preço de custo, para os setores públicos de países endêmicos da América Latina e do Sudeste Asiático ainda este ano e em 2009.

No Brasil, o ASMQ foi desenvolvido por meio de um consórcio entre a Fiocruz e a entidade internacional sem fins lucrativos DNDi, criada em 2003 pelo Instituto Pasteur e Médicos Sem Fronteiras (MSF) juntamente com organizações públicas de pesquisa. A parceria está inserida no projeto Terapia Combinada em Dose Fixa à base de Artesunato (FACT), iniciado em 2002, que capitaliza o talento e conhecimento adquirido por parceiros nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.