Brasil transfere para África tecnologia contra Aids

Moçambique vive uma triste realidade: mais de 670 mil crianças estão órfãs, pois perderam seus pais na luta contra a Aids. Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), apenas 5,7% das pessoas que precisam de tratamento naquele país estão recebendo a ajuda necessária. Como forma engrossar o esforço para reverter essa situação, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciaram nesta quinta-feira (16), em Moçambique, a doação de uma fábrica de anti-retrovirais para o país. Com a medida, o Brasil se vale da experiência na área, para contribuir com a redução da mortalidade relacionada à doença e melhorar da qualidade de vida dos portadores do vírus.

O projeto é de extrema importância para a saúde pública moçambicana. Números do país mostram que 16% da população é infectada pelo HIV, parcela que chega a 25% em algumas regiões. Esse percentual corresponde a um universo de 1,6 milhão de pessoas infectadas, mais do que o dobro do número registrado no Brasil, estimado em 620 mil pessoas.

Para viabilizar a implantação da fábrica, o governo brasileiro liberou R$ 13,6 milhões em equipamentos, obras de adequação do espaço físico e aquisição de equipamentos e insumos. Essa primeira etapa estará concluída ainda em 2009. Até que seja concluída a transferência de tecnologia para fabricação dos medicamentos em Moçambique, três anti-retrovirais (Lamivudina + Zidovudina, Zidovudina, Lamivudina) serão enviados a granel e embalados no país africano. Todo o processo de transferência de tecnologia deve durar 3 anos.

A equipe de Farmanguinhos/Fiocruz responsável pelo projeto capacitará profissionais moçambicanos que trabalharão na fábrica de anti-retrovirais. Os primeiros dois módulos de treinamento – Projeto Executivo e Garantia de Qualidade – serão realizados no Brasil, durante o mês de novembro.

FioCruz África

Nesta sexta-feira (17), as autoridades brasileiras participaram da solenidade de inauguração do escritório da Fiocruz África, a primeira unidade da Fiocruz em território estrangeiro. O escritório, que funcionará nas dependências do Centro Cultural Brasil-Moçambique, dará suporte à implantação da fábrica de anti-retrovirais.

O escritório da Fiocruz em Maputo, capital moçambicana, contribuirá para intensificar as atividades da Fundação Oswaldo Cruz em todo o território africano. Hoje a Fiocruz oferece cursos de mestrado em Angola, na área de saúde pública, e em Moçambique, na área de ciências da saúde, além de cursos de doutorado em Cabo Verde e Guiné Bissau.