Berzoini minimiza caixa 2 e causa polêmica

Brasília (AE) – Foi uma polêmica só. Até mesmo no governo as afirmações do novo presidente do PT, Ricardo Berzoini, recomendando o fim da hipocrisia quando o assunto é caixa 2 de campanhas eleitorais, provocaram reações nervosas. "Eu acho que é um exagero dizer que a prática do caixa 2 não acaba enquanto não houver financiamento público de campanha", disse o ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Jaques Wagner, filiado ao PT. "Essas coisas não se contrapõem."

Em entrevista concedida quarta-feira, Berzoini afirmou que se os políticos não enfrentarem esse problema, recursos "não-contabilizados" continuarão a abastecer a próxima eleição, tanto no PT como em outros partidos. No seu diagnóstico, somente quando as regras do jogo forem mudadas – e for adotado o financiamento público, com voto em lista para formar as bancadas parlamentares -, o caixa 2 deixará de ser prática comum. Na tarde de ontem, em sua primeira coletiva como presidente do PT, Berzoini voltou ao assunto: defendeu a aprovação do financiamento público ainda este ano, para valer na disputa de 2006. "O ideal seria um acordo no Congresso", insistiu o deputado. Berzoini definiu o caixa 2 como uma ilegalidade "relativamente simples" de ser praticada e cobrou maior aparelhamento da Justiça para fiscalizar as prestações de contas dos candidatos.

A declaração de Berzoini foi contestada pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Além de integrante do STF, Mendes é vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Espero que façam as devidas distinções entre mera irregularidade financeira de campanha e dinheiro de corrupção."

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