Berzoini entra hoje na Justiça contra FHC

O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini, informou que o partido ingressará hoje na Justiça com o pedido de abertura de processo contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por ele ter afirmado, em entrevista à revista IstoÉ, que ?a ética do PT é roubar?.

Berzoini esteve ontem na TV Cultura,em São Paulo, gravando o programa Roda Viva, que foi ao ar ainda ontem à noite, enquanto o PT realizava, em Brasília o jantar em comemoração ao seu 26.º aniversário de fundação. ?Quando ele (FHC) fala que a ética do PT é roubar ele está ofendendo pessoas honestas?, disse Berzoini, argumentando que as declarações de FHC não atingiram apenas o presidente Lula, mas também a militância da legenda em geral. ?Ele foi extremamente infeliz.?

No início da entrevista, Berzoini saiu em defesa de petistas envolvidos em denúncias de corrupção em meio ao escândalo do mensalão. Apesar de reconhecer que diversos membros da legendas cometeram erros que devem ser avaliados, o deputado ressaltou que há nesse grupo pessoas honestas que trabalharam pelo País. ?Não são pessoas que devam ser demonizadas do ponto de vista político?, disse Berzoini, durante a gravação do programa Roda Viva, que irá ao ar hoje.

Pouco antes de entrar no prédio da TV Cultura, Berzoini falou rapidamente com jornalistas e aproveitou para comentar temas como a confirmação da candidatura do presidente Lula e a estratégia que o partido está desenhando para as próximas eleições. Ele reiterou que o PT não irá cobrar uma definição mais rápida do presidente quanto à reeleição, ressaltando que esta é uma decisão que Lula deve tomar quando achar devido. ?Ele deve dizer somente quando entender que está na hora de se dirigir ao País como candidato e não só como presidente.?

O dirigente petista voltou a dizer que acredita que o presidente está sendo sincero em sua indefinição sobre a candidatura, mas insistiu que as chances são em sua maioria de que ele seja de fato o nome do PT para a disputa deste ano. Berzoini também reconheceu que o PT poderá abrir mão de cabeças de chapa nos estados para criar uma política de alianças capaz de fortalecer o presidente Lula na eleição. Ele esclareceu que qualquer decisão nesse sentido dependerá do diálogo que será conduzido nos estados. ?A prioridade é reeleger o presidente Lula?, disse Berzoini.

O presidente do PT também negou que a reeleição do presidente Lula dependa de uma aliança com o PMDB, mas voltou a apontar a importância de manter o partido no palanque eleitoral petista. Apesar de afirmar que é ?um exagero? dizer que a reeleição está nas mãos dos peemedebistas, Berzoini voltou a dizer que o PT manterá as conversas com a legenda aliada para tentar manter na corrida presidencial a união de forças feita ao longo dos últimos anos.

?Seria muito bom, não só eleitoralmente, mas também do ponto de vista de governabilidade, termos um acordo programático para 2007-2010, com bases muito claras em relação ao que se pretende fazer para o Brasil com um arco de alianças bastante grande, inclusive com o PMDB?, disse, durante as gravações do programa Roda Riva, da TV Cultura, exibido ontem à noite.

Também presente nos estúdios da TV, o presidente nacional do PMDB, deputado Michel Temer (SP), derrubou as esperanças do PT de uma aliança, pelo menos no que se refere ao primeiro turno. Temer, que concedeu uma entrevista para outro programa da Cultura, logo após ter sido encerrada a gravação do Roda Viva, deu como quase certa a candidatura própria do PMDB, que hoje é disputada entre os pré-candidatos Germano Rigotto e Anthony Garotinho.

Além disso, disse torcer para que uma eventual coligação no segundo turno tenha um candidato da sigla na disputa. ?Eu digo ao meu amigo Berzoini que qualquer conversa será só no segundo turno?, disse, durante a entrevista.

?Eu espero que essa conversa seja a meu favor, que o PMDB esteja no segundo turno?, acrescentou. Logo após a gravação o presidente nacional do PMDB ressaltou que tem conversado com o PT sobre o assunto, mas que, até agora, as discussões não trouxeram nada conclusivo.

PT enfrenta escassez de lideranças

São Paulo (AE) – O presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), reconheceu ontem que o partido enfrenta uma escassez de grandes líderes que possam ser comparados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de insistir que a legenda é competitiva e tem condições de fortalecer outros nomes ao longo dos próximos anos, Berzoini apontou que ainda há uma distância entre a imagem construída por Lula ao longo das últimas décadas e a dos demais líderes da sigla.

?É óbvio que a liderança do presidente Lula é muito maior que a média das lideranças que nós temos no PT?, disse Berzoini. Durante a entrevista, ele afirmou que o presidente demorou mais de 20 anos para se tornar o líder que é hoje e reconheceu que este é um processo difícil de ser construído. Mesmo assim, Berzoini afirmou que, caso Lula seja reeleito, a agremiação deverá adotar medidas que permitam dar um destaque maior a outros nomes dentro do cenário político nacional.

O presidente nacional do PT, que voltou a dizer que o partido não tem um plano B para caso ele desista da candidatura à re-eleição, insistiu que o fato de ele ser o único grande líder não significa que a legenda não seja competitiva. ?O fato de nós termos essa consciência e essa seriedade não quer dizer que o PT não seja um partido competitivo?, disse, lembrando que a sigla está mais presente em todo o território nacional hoje do que há quatro anos.

Sem citar nomes, Berzoini ressaltou também a existência de diversos nomes que se enquadrariam nessa estratégia, como candidatos petistas que deverão disputar governos de diversos estados, em alguns casos, em busca da reeleição. Sobre se a legenda se arrepende de ter criado uma proximidade tão grande com Lula e o governo, o presidente nacional petista rebateu: ?O lulismo é uma conseqüência natural de um carisma e de uma personalidade tão rica quanto a do presidente Lula, do ponto de vista de sua capacidade política, de sua capacidade de mobilização?.

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