Bernardo: zerar meta de superávit é hipótese estapafúrdia

O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, classificou hoje como “estapafúrdia” a hipótese que circula desde ontem no mercado financeiro de que o governo poderia reduzir a zero a meta de superávit primário das contas públicas. Segundo ele, não há esse tipo de discussão dentro do governo e os números mais recentes do setor público mostram que “não há nada fora do normal” na evolução do superávit primário – a economia que o governo faz para o pagamento de juros da dívida pública.

Bernardo afirmou que essa hipótese levantada por algumas pessoas no mercado financeiro pode ter surgido como pretexto para realização de negócios. “Não tem nenhum tipo de precedente que justifique a dúvida. É bom o mercado tomar maracujina”, disse. O ministro disse que quando o mercado fica preocupado começa um jogo de apostas onde um lado ganha e outro, perde. “Quando o mercado está nervoso, é bom ficar longe desse negócio”.

Questionado sobre a possibilidade de o governo utilizar o Projeto Piloto de Investimentos (PPI) para abater até 0,50% da meta de superávit primário neste ano, o ministro disse que essa é uma “possibilidade que podemos usar”. O ministro disse que ainda não é uma discussão dentro do governo a utilização do Fundo Soberano do Brasil (FSB) para cumprir a meta de superávit primário este ano. Ao ser informado de que há técnicos do Ministério da Fazenda que já defendem esta ideia, ele respondeu: “eu não dialogo com técnicos do Ministério da Fazenda. É uma coisa etérea. Esses técnicos têm de falar com o ministro Mantega e ele, certamente, se acatar, vai levar para a reunião que temos com o presidente (Lula) na sexta-feira (da junta orçamentária)”, disse Bernardo, ao chegar esta tarde para a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

O CMN decidirá nesta tarde qual o porcentual a ser perseguido pelo BC para a meta de inflação de 2011 e deve ratificar a taxa de 4,5% para 2010. Indagado por jornalistas, a respeito do cumprimento da meta pelo novo governo, o ministro do Planejamento respondeu: “o próximo governo vai fazer o que acha que tem que fazer”. Ele acrescentou, porém, que “o próximo governo deve satisfação aos seus eleitores”.

A meta de inflação atual é de 4,5% ao ano, porcentual perseguido pelo Banco Central nos últimos quatro anos. Apesar de discussões entre economistas a respeito da possibilidade de revisar esse alvo para baixo, a expectativa é de que a taxa de 4,5% seja mantida na reunião de hoje para 2011.