Benedita quer se livrar do traficante Beira-Mar

Rio

– A governadora do Rio, Benedita da Silva, disse ontem que não quer o traficante Fernandinho Beira-Mar no Rio de Janeiro. Ela quer, o mais depressa possível, que Beira-Mar vá para outro Estado. “Todos nós sabemos que Fernandinho Beira-Mar chegou ao Rio por ordem judicial e que, de imediato, eu pedi ao presidente da República para que nos ajudasse para que ele não ficasse no Estado do Rio de Janeiro”, afirmou.

A governadora acrescentou que “continua para nós essa necessidade de transferência que esbarra na questão judicial”. A entrevista foi para dar explicações sobre a rebelião comandada pelo traficante no dia anterior na prisão de segurança máxima Bangu 1, em que quatro outros presos foram mortos. Morreram no confronto Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, Wanderley Soares, o Orelha, Carlos Alberto da Costa, conhecido como Robertinho do Adeus, e Elpídio Rodrigues Sabino, o Pidi Robô. Ao contrário do que se anunciara, Celsinho da Vila Vintém não morreu.

“Espero que a leitura jurídica possibilite que não só Fernandinho Beira-Mar como outros deixem de ser questão puramente do Estado, para serem de ordem federal”, disse Benedita. O secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva, disse, porém, que não está cogitando a possibilidade de transferir Beira-Mar para outro Estado. “Isso não está sendo cogitado”, disse ele ao deixar uma reunião com a cúpula da Segurança Pública do Rio, na sede da instituição, no centro da cidade.

“A posição do presidente FHC é fazer o que for melhor para o Rio e para o Estado, a questão do Beira-Mar é basicamente do Rio e das autoridades do Rio, qualquer outra hipótese depende de outros governadores e autoridades judiciais.” Questionado sobre o que seria melhor para o Rio de Janeiro, o secretário disse que o ideal não seria a transferência. “O que é necessário é imobilizar o bandido que articula o crime de dentro dos presídios.” Um outro problema, segundo o secretário, é de ordem prática: em período eleitoral, nenhum governador, em sã consciência, aceitaria Beira-Mar em seu território.

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro garante, no entanto, que quem ofereceu essa possibilidade de transferência foi o próprio governo federal. “Quem veio oferecer foram eles, não fomos nós. Eles devem ter alguma alternativa para nós. Estamos vivendo este problema, não implorando”, disse ele, surpreso com a declaração do secretário nacional, José Vicente. A cúpula da segurança pública do Estado desistiu de transferir os 30 presos que permanecem detidos em Bangu 1 para Batalhões da Polícia Militar.

O que tornou possível a rebelião em Bangu 1, foi a corrupção dos agentes. Segundo o Secretário de Segurança, Roberto Aguiar, será feita uma “arquitetura para isolar Beira-Mar”. Ele disse que “Bangu 1 é seguro. Seguras não eram as cabeças que estavam lá dentro”. Roberto Aguiar reiterou que os agentes contribuíram para o movimento de quarta-feira em Bangu 1. “Os bandidos tinham as chaves”, acrescentou.

Rebeldes queriam matar Beira-Mar

Rio

– Um plano do traficante Ernaldo Pinto de Medeiros, o Uê, para matar Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e seus cúmplices mais próximos teria sido a causa da rebelião de anteontem no presídio Bangu 1, no qual Uê e três comparsas foram assassinados. Segundo a Polícia Civil, Celso Luiz Rodrigues, o Celsinho da Vila Vintém, traiu Uê, com quem dividia o controle da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA), e alertou Beira-Mar. Essa seria a razão para o criminoso ter sido poupado sem um arranhão da chacina. Nenhum integrante da facção Terceiro Comando teria sido atacado. A rebelião começou por volta das 8h de quarta-feira, quando dois agentes foram dominados por presos. Os rebelados tomaram as chaves dos funcionários e entraram nas galerias dos rivais, com a intenção de assassiná-los. O assassinato de Uê e de seus cunhados Carlos Alberto da Costa, o Robertinho do Adeus, e Wanderlei Soares, o Orelha, além de Elpídio Rodrigues Sabino, o Robô, líderes da ADA, provocou uma fusão forçada da facção – agora chefiada por Celsinho – com o Comando Vermelho, sob a liderança de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar.

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