Batalha decisiva para 43 cidades brasileiras

Brasília

– Mais de 27,3 milhões de eleitores brasileiros voltarão às urnas domingo para escolher os prefeitos de 43 cidades, onde ocorrerá o segundo turno das eleições. A expectativa do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é que até a meia-noite deste domingo serão conhecidos os novos prefeitos. Ainda que o resultado oficial seja adiado por alguns dias, como ocorreu em algumas cidades no primeiro turno, 95% dos votos deverão ser apurados ainda neste domingo.

Das 43 cidades que serão palco da disputa, 15 são capitais: São Paulo (SP), Maceió (AL), Manaus (AM), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Vitória (ES), Goiânia (GO), Cuiabá (MT), Belém (PA), Teresina (PI), Curitiba (PR), Natal (RN), Porto Velho (RO), Porto Alegre (RS) e Florianópolis (SC). São Paulo é o estado com o maior número de municípios e de eleitores no segundo turno, onde 11.653.436 eleitores de 12 cidades escolherão seus prefeitos. Somente na capital, são 7.771.503 eleitores.

Em segundo lugar está o Rio de Janeiro, com 1.943.960 de eleitores divididos em cinco municípios. A cidade fluminense com o maior número de eleitores no segundo turno é Duque de Caxias, com 528 mil. Lá, serão instaladas urnas em 1.510 seções, localizadas em 219 locais diferentes. Depois vem Nova Iguaçu, com 480 mil eleitores. São João de Meriti, com 332 mil eleitores, e Campos, com 303 mil, vêm em seguida. O município do Rio com menos eleitores no segundo turno é Niterói, com 299 mil votantes.

A maior parte dos eleitores do segundo turno, 14,4 milhões dos 27,3 milhões, é mulher. Atendendo pedidos dos tribunais regionais eleitorais (TREs) dos estados, o TSE autorizou o envio de tropas federais a três das 44 cidades para auxiliar na segurança das eleições. Campos foi a única cidade que solicitou o auxílio e obteve o benefício. Também foi atendido o pedido de ajuda dos militares a Manaus (AM) e Campina Grande (PB).

No pedido de tropas federais para Campos, o TRE fluminense alegou, na semana passada, que os juízes eleitorais estariam sendo impedidos de entrar nas favelas da cidade e que a polícia local não teria condições de lidar sozinha com a situação. Uma outra preocupação demonstrada pelos sete juízes eleitorais de Campos é a disputa acirrada entre Carlos Alberto Campista (PDT), apoiado pelo atual prefeito, Arnaldo Vianna (PDT), e Geraldo Pudim (PMDB), candidato da governadora Rosinha Matheus.

Para as cidades que terão eleição domingo, localizadas em 19 estados, o TSE pôs à disposição 78 mil urnas. De acordo com a Constituição Federal, a eleição deve ser decidida em segundo turno apenas nos municípios com mais de 200 mil eleitores em que o primeiro colocado não superou a marca de 50% dos votos válidos.

Maioria já se definiu há 2 semanas

Brasília – A maioria dos eleitores que irão às urnas neste domingo escolheu seu candidato há mais de duas semanas e não mudou de opinião. As pesquisas de intenção de votos dos últimos dias confirmaram que a eleição está praticamente decidida em 25 das 43 cidades com segundo turno – eram 44, mas a eleição em Mauá (SP) foi suspensa porque um dos candidatos foi cassado pelo TSE. Pequenas variações nas pesquisas ocorreram nas principais capitais em disputa, como São Paulo e Porto Alegre, mas não decidiram a eleição. A situação permaneceu praticamente inalterada, entre o primeiro e o segundo turno, em 11 das 15 capitais.

PT e PSDB disputam os principais colégios eleitorais, com vantagem registrada nas pesquisas para os tucanos. Das 14 capitais com pesquisas, o PSDB lidera em quatro (São Paulo, Florianópolis, Curitiba e Teresina) e o PT em três (Vitória, Fortaleza e Cuiabá). O PDT aparece em terceiro lugar, com boas chances de vitória em duas: Salvador e Maceió. PMDB e PFL devem ganhar uma prefeitura de capital cada: o primeiro em Goiânia e o segundo em Manaus. “O PT vive seu melhor momento neste segundo turno”, avaliava, após as novas pesquisas, o presidente do PT, José Genoino, apostando na virada inclusive em São Paulo: “Está se acelerando a virada em favor do PT e dos aliados nesta última semana. Onde o PT está na frente, consolidamos a vantagem. Onde estamos atrás, diminuímos a diferença e podemos tirá-la na reta final”.

A grande lição de boatos e baixaria

Rio – A eleição municipal de 2004 deixará na História outra marca além da luta pelo poder entre PT e PSDB. Uma indústria de boatos e baixarias pontuou a disputa em todo o país, num vale-tudo pelo poder. Panfletos, apócrifos ou identificados, além da velha fofoca, foram armas temidas num jogo em que a ética ficou em segundo plano. Boatos têm poder destrutivo comprovado, especialmente em tempos de informação instantânea, com a internet. No mercado financeiro, derrubam as bolsas de valores e podem dilapidar fortunas. Na política, arruinam reputações ou, no mínimo, dão muito trabalho aos atingidos para recompor a imagem.

Em Nova Iguaçu, o candidato petista Lindberg Farias, passou a campanha tendo de explicar ao eleitor, por exemplo, que continuava no páreo e não estava impedido de concorrer pela Justiça Eleitoral, por causa do processo que questiona a validade de seu domicílio. Às vésperas do primeiro turno, o boato ficou mais forte. “Fiquei apavorado. Tive de botar gente na rua para reverter essa história”, conta o candidato, que disputa domingo o segundo turno com Mário Marques, do PMDB do ex-governador Anthony Garotinho. O petista também precisou dar satisfações ao eleitor sobre outra história, a de que teria um filho fora do casamento.

Em Campinas, o PSDB acusou o candidato do PDT à prefeitura, Dr Hélio, de usar o mesmo expediente. Ele teria contratado pelo menos quatro pessoas para entrar em ônibus e, em voz alta, falar mal do tucano Carlos Sampaio, seu adversário. O caso acabou na Polícia Federal. Depoimentos colhidos contam que a orientação era apresentar o pedetista como alguém racista, que não gostava de pobres e batia em mulher.

Em Curitiba, o jogo pesado entre os candidatos Angelo Vanhoni (PT) e Beto Richa (PSDB). No primeiro debate entre ambos, o tucano sugeriu que Vanhoni tinha problemas com drogas. Surpreso, ouviu uma confissão: “Se não fosse o apoio da minha família, teria sucumbido no mundo das drogas”. Vanhoni foi vítima de mensagens eletrônicas não identificadas que mencionavam a deficiência física do candidato, afetado pela paralisia infantil com um ano de idade. Uma delas dizia que o petista deveria disputar as “paraeleições” e alterava o slogan do candidato (Tá na Hora Curitiba), para “Tá na hora de aprender a andar”. O autor foi descoberto: um estudante de Direito.

O PSDB levou à Justiça Eleitoral denúncias contra Vanhoni: grampo telefônico no comitê tucano, invasões à sede do PSDB e uso da máquina pública, inclusive da PM.

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