Bancada do PT na Câmara será a maior

Agência Câmara

– O PT terá a maior bancada da Câmara dos Deputados. O Partido dos Trabalhadores elegeu no último domingo 91 deputados federais – um crescimento de 56,9% sobre a atual bancada, composta de 58 parlamentares. A segunda maior bancada deve ficar com o PFL, com 84 deputados. Na seqüência, vêm as bancadas do PMDB (74), PSDB (71), PPB (49), PL (26), PTB (26), PSB (22), PDT (21), PPS (15), PCdoB (12), Prona (6) PV (5), PSD (4), PST (3), PSC (1), PSDC (1), PSL (1) e PMN (1).

Os números podem sofrer algumas alterações devido a formação de blocos e em virtude de ajustes de quociente eleitoral. Mas projeções feitas indicam que o PT não será superado por nenhum outro partido. “É um resultado importante porque essa bancada certamente dará sustentação às mudanças que o governo Lula vai fazer no País”, prevê o líder na Câmara, deputado João Paulo (SP). Nas eleições do último domingo, 76% dos eleitores que compareceram às urnas votaram nos candidatos de Oposição ao governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

Análise

Segundo o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília (UnB), o resultado das urnas mostra que o povo quer mudanças, que busca um novo perfil para a presidência da República e também para o Congresso Nacional. Caldas avalia que o PT, com a maior bancada, vai aumentar a sua influência sobre as decisões da Câmara e imprimir um novo ritmo de trabalho às atividades legislativas. “O PT vai querer mostrar resultados”, enfatiza. Ele destaca que, regimentalmente, a bancada petista poderá indicar o maior número de presidentes e relatores das comissões permanentes e temporárias. “Isso significa que as comissões vão ter grande participação, uma vez que o PT, tradicionalmente, é um partido que se empenha muito na execução dessas missões”, destaca.

Para o analista político do Departamento Intersindical de Acompanhamento Parlamentar (Diap), Antônio Augusto Queiroz, o crescimento do PT na Câmara e no Senado – onde o partido terá uma bancada de 14 senadores -significa que mesmo que o partido continue na oposição, as votações no Congresso dependerão do PT. “O partido, com 91 deputados, terá força para aperfeiçoar, modificar, aprovar ou rejeitar qualquer proposta”, observa.

David Fleischer, cientista político da UnB, lembra que o crescimento expressivo da bancada petista credencia o partido a indicar a Presidência da Casa.

Partido negociará Presidência

Brasília

(AE) – Ao conquistar a maior bancada na Câmara, o PT ganha o direito regimental de indicar o candidato oficial à Presidência da Casa, mas para garantir a eleição de um petista terá de obter 257 votos, o que exigirá negociações com os partidos da base aliada, pois os partidos de centro-esquerda terão, no máximo, 200 votos. Por isso é que as presidências da Câmara e do Senado deverão ser negociadas em conjunto pelos partidos com representação nas duas Casas.

A tradição indica essa negociação. Em troca de apoio da base aliada na Câmara, o PT e os demais partidos de centro-esquerda (mais de um terço) poderiam se comprometer com um candidato da base aliada, porque PMDB e PFL fizeram o mesmo número de senadores: 19. Os 14 votos petistas seriam decisivos para a eleição do presidente do Senado. Para a composição das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado valem as bancadas e blocos partidários formados até fevereiro, quando serão feitas as duas eleições. Daí, a necessidade de intensas negociações.

Troca

De hoje até o dia 2 de fevereiro pode haver troca de partidos. Desse modo, nada impede que parte dos eleitos pelo PMDB ingresse no PSDB, tornando-o maior do que o PT, para ajudar um eventual governo do tucano José Serra. Ou, no caso de vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva, disputar com o PT a presidência da Câmara. Se PMDB e PSDB podem ajudar um ao outro, o mesmo vale para o PT e os partidos a ele aliados. Pode receber, por exemplo representantes da esquerda, como PSB e PDT -o PC do B, embora aliado, dificilmente mudaria de legenda para ajudar o PT, por se tratar de um partido de orientação marxista-leninista. Ao mesmo tempo, os partidos podem também formar blocos. Assim, PSDB, PMDB e PPB, sem abrir mão de seus quadros, poderiam fazer uma grande aliança.

A mesma iniciativa vale para os partidos de centro-esquerda. O regimento interno da Câmara prevê ainda a possibilidade de acordos políticos para a eleição do presidente da Câmara. Quando o deputado Michel Temer (PMDB-SP) foi eleito presidente em 1999, o PMDB não era o maior partido. Mas o PFL, dono da bancada majoritária, decidiu apoiar Temer porque, em troca, os peemedebistas garantiriam a vitória de Antonio Carlos Magalhães, do PFL, o segundo partido.

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