 |
| Dom Eusébio Scheid, arcebispo do Rio de Janeiro, dá entrevista ao chegar a Roma. |
Roma – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ?não se entende muito bem? com o Espírito Santo, disse o cardeal brasileiro dom Eusébio Oscar Scheid, ao chegar ontem em Roma. ?Não, não mistura o Lula nessa história ainda não. Aí confunde tudo, porque ele com o Espírito Santo não se entende muito bem?, disse dom Eusébio, arcebispo do Rio de Janeiro. A frase foi dita no aeroporto de Roma em resposta a um jornalista que perguntou se não estava na hora de o mundo ter um papa brasileiro, especialmente agora que o País tem um ?presidente operário?.
Sobre a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para acompanhar o enterro do papa João Paulo II na sexta-feira, dom Eusébio disse que o presidente fará a viagem ?graças a Deus?: ?Ele faz um bom gesto. Certamente vai tirar um dividendo político disso?, disse. O cardeal assistirá ao sepultamento do papa na sexta-feira e, depois, participará do conclave para a escolha do sucessor de João Paulo II. Scheid é o segundo cardeal brasileiro que participará do conclave a chegar em Roma – dom José Freire Falcão, arcebispo emérito de Brasília já está na capital italiana. Ainda no final da tarde de ontem, chegou a Roma dom Geraldo Majella Agnello, arcebispo de Salvador. A chegada de dom Cláudio Hummes, arcebispo de São Paulo, está prevista para hoje. Ele embarcou ontem, para Lisboa. Hummes, que é citado como um dos cinco favoritos para ser o novo Papa, chega a Lisboa hoje às 11h35m. Depois pega um vôo da Alitalia para Roma, onde chega às 16h25m, no Aeroporto Fiumicino. O cardeal de São Paulo ficará hospedado no Vaticano mesmo.
Conclave
Depois que começar o conclave, possivelmente no dia 17, o arcebispo, assim como os demais 116 cardeais que escolherão o novo papa, ficará totalmente isolado. Dom Claudio só voltará a falar com jornalistas depois que terminar o conclave. Estima-se que isso poderá acontecer depois do dia 22, com o anúncio do nome do papa. Ontem, antes da viagem, dom Claudio não saiu de casa e não recebeu visitas. Ele deixou a residência oficial da Cúria Diocesana, em Higienópolis, em São Paulo, apenas para se dirigir ao Aeroporto de Cumbica, por volta das 19h30, para tomar o avião para Roma.
Além de ter direito a voto, Hummes é um dos nomes mais citados como um possível sucessor de João Paulo II. O Brasil tem oito cardeais, mas apenas quatro podem votar no conclave porque têm menos de 80 anos, idade-limite para se ter direito ao voto.
O conclave é formado por 183 cardeais, mas apenas 117 têm menos de 80. A data do início do conclave ainda não foi definida, mas a reunião, que ocorre a portas fechadas e é totalmente secreta, só pode começar 15 dias após a morte do papa.
Para d. Aloísio, próximo papa será italiano
Porto Alegre – O cardeal d. Aloísio Lorscheider acredita que o próximo papa será italiano. Recluso no retiro dos franciscanos de Porto Alegre, onde foi morar depois da aposentadoria, ele não entra em detalhes para justificar seu palpite. Admite apenas que ?é uma opinião olhando a história do passado?. Um dos religiosos de maior influência no País da década de 70 à década de 90, d. Aloísio estava nas listas dos ?papáveis? nos conclaves que elegeram João Paulo I e João Paulo II, em 1978. Na primeira eleição teria sido o terceiro mais votado, mas não confirma a informação, assim como diz que não lembra em quem votou.
Apesar de prever a ascensão de um italiano ao trono de São Pedro, d. Aloísio diz que não tem preferências entre os cardeais que participam do Conclave, do qual está dispensado por ter 80 anos. ?Torço para que encontrem o homem certo no lugar certo?, ressalta, criticando como um exagero da mídia a apresentação de listas de favoritos. ?Isso é tempo perdido?, comenta. ?Em vez de concretizar nomes, valeria mais a pena buscar o possível futuro perfil do papa.?
Para d. Aloísio, o pontificado de João Paulo II foi positivo por manter o ritmo dos anteriores procurando conciliar os problemas internos da Igreja, como a moral familiar, e externos, como a busca da paz e o combate à injustiça institucionalizada. Segundo o cardeal brasileiro, o papa deixa como legado, para a Igreja, a necessidade de se aproximar do povo e de se comunicar diretamente com ele, e para o mundo, a mensagem de que ?sem Jesus Cristo e sem Deus não teremos jamais o mundo fraterno, solidário e justo com que todos sonhamos?.
Crítica
Apesar da avaliação favorável, d. Aloísio também faz críticas ao pontificado que termina e sugere mudanças na Igreja. ?Creio que João Paulo centralizou demais?, comenta. ?Impõe-se a vivência concreta da colegialidade episcopal?, afirma, destacando que ?esta vivência terá boa influência sobre o diálogo ecumênico e inter-religioso, que deve ser intensificado?. D. Aloísio destaca, ainda, que os problemas da Igreja devem resolver-se mais na base do que na cúpula. Como outras correções de rumos necessário aos novos tempos da Igreja, o cardeal aponta a maior participação dos leigos nas decisões como urgente e revela estar preocupado com o papel da mulher na instituição. ?Neste campo, da autonomia da mulher, a Igreja precisa dar ao mundo o exemplo?, conclui.
Qual será o nome do próximo pontífice?
São Paulo – Qual será o nome do próximo papa? É possível arriscar um palpite em uma lista de 30 nomes na bolsa de apostas irlandesa, a Paddy Power PLC. As apostas podem ser feitas pelo site da empresa. A febre de apostas atingiu também as casas lotéricas da Itália e sites do mundo todo.
O nome mais apostado é João Paulo, que para cada US$ 4 apostados, ganham-se US$ 7. Em segundo lugar, as apostas são no nome João, com a mesma probabilidade em dólares de 3 para 1. Paulo está em terceiro com prêmio de US$ 5 para cada US$ 1 apostado. Empatados na quarta colocação estão os nomes André e Pio e em quinto lugar Bento e Tiago.
A onda de apostas está também na internet. No site esportivo pinnaclesports.com, apostadores escolhem a idade, nacionalidade, assim como a identidade do próximo papa. O cardeal-arcebispo de São Paulo está em terceiro lugar nas eleições desse site. No site betfair.com italiano, os apostadores podem clicar em papados e ver os seus candidatos. ?A quantidade de apostas até agora foi de cerca de US$ 68 mil?, disse o representante da empresa. ?O favorito é o italiano Tettamanzi?.
De luto ou não, muitos italianos viciados em loterias estão apostando no falecido papa João Paulo II para seus números de sorte. As pessoas estão correndo para casas lotéricas e apostando em números relacionados ao papa polonês. Acreditam que esses dígitos darão sorte agora. Os números mais populares são 21 e 37, que correspondem à hora de Roma em que o papa morreu; o número 2, dia da morte e 84, a idade que Wojtyla tinha quando morreu.