Analista afirma que PT é favorito nas eleições

O presidente do PT, José Genoino, pode comemorar. O partido deverá desfrutar de condições bastante favoráveis para disputar as eleições municipais de 2004, de acordo com análise produzida pela Tendências Consultoria Integrada. O relatório, assinado pelo analista Christopher Garman, aponta que ?dificilmente o partido sofrerá uma grande derrota nos pleitos municipais?. Garman considera que, caso se confirmem as previsões da empresa de consultoria de um crescimento econômico de 4% para o próximo ano, o PT será beneficiado pela melhoria das condições macroeconômicas, principalmente nas regiões metropolitanas.

Mas, segundo o cientista político com mestrado pela Universidade da Califórnia, o partido governista tem a seu favor quatro pontos que independem do quadro econômico: a forte organização partidária; condições financeiras favoráveis; o potencial para atrair os eleitores de centro e de direita; e o ?crescimento vegetativo?, fenômeno observado em partidos que ocupam a Presidência da República pela primeira vez.

O trabalho ressalta ainda que o PT ?dá sinais de que vai investir pesadamente nas eleições municipais? – em contraponto à estratégia adotada pelo PSDB no governo Fernando Henrique Cardoso, caracterizada por um distanciamento das eleições municipais, com o objetivo de evitar atritos em sua base de apoio. Garman lembra que o partido instalou diretórios municipais em 722 cidades entre junho e outubro deste ano, ampliando a sua presença para 96% dos municípios. No mesmo período, o quadro de afiliados do partido cresceu 29,8%, o que representa 125.153 pessoas.

O analista lembra que o PT é um partido que, ao contrário dos demais, cultiva o ?voto de legenda?, o que confere maior controle sobre sua bancada parlamentar. Com essa característica, ainda que prevaleça a influência sobre o voto de questões locais e regionais, como a qualidade dos serviços públicos, o fato é que ?com o PT no governo federal, e com uma estrutura partidária muito mais centralizada, candidatos do partido nos pleitos municipais poderão ter um apoio organizacional sem paralelo?, aponta o relatório.

Outra vantagem será o suporte financeiro para essas eleições. O PT, que detém a maior bancada na Câmara dos Deputados, com 93 parlamentares, deverá receber, pela primeira vez em sua história, a maior fatia do Fundo Partidário. A expectativa da Tendências é de que o PT terá à sua disposição R$ 22 milhões do fundo. O PSDB e o PFL terão, por sua vez, R$ 17 milhões cada. O PT conta ainda com uma outra fonte de recursos: a arrecadação de até 20% dos salários de seus quadros que estão no serviço público, que deverá render mais R$ 20 milhões ao partido. O PT deverá contar também com maior parcela de contribuições do setor privado.

A ?imagem de moderação? adotada nas eleições presidenciais pelo PT deverá ser outro trunfo do partido. O analista lembra que, conforme aponta a comparação de pesquisas recentes com mais antigas, ?o PT não é mais visto como um partido radical de esquerda que encontra dificuldades em reunir apoio no eleitorado de centro e direita?. Ele destaca que os avanços registrados pelo partido nas eleições municipais de 2000 ocorreram em regiões metropolitanas, onde se concentra o eleitorado de centro-esquerda e esquerda.

Para Garman, o PT deverá beneficiar-se também de um ?crescimento vegetativo? que ocorre quando um partido assume pela primeira vez o Executivo. O PSDB, por exemplo, que assumira 317 prefeituras em 1992, elegeu 921 prefeitos em 1996, após a vitória de FHC em 1994. Garman considera que dificilmente o PT registrará a mesma performance do PSDB. Em 1996, parte do crescimento do PSDB foi inflada por migrações de políticos para o partido.

Genoíno diz que partido foi vítima dos “radicais”

Ele não está arrependido e diz não acreditar que vá se arrepender, no futuro, de ter presidido o PT quando a senadora Heloísa Helena foi mandada embora do partido. José Genoino admite o desgaste físico e político dos 11 meses deste arrastado processo de expulsão que lhe rendeu noites mal dormidas, problemas de pressão e uma gastrite que teima em incomodar. Mas não aceita a pecha de algoz e de intolerante e reage afirmando que ele e o PT foram as verdadeiras vítimas no episódio.

?Já me arrependi de várias coisas, mas não desta vez. Primeiro porque fiz isso coletivamente. Segundo porque trabalhei para evitar isso. Doeu, não queria ter feito, mas tenho a consciência tranqüila de que não havia outro caminho. O PT não foi autoritário, não foi intolerante. A minoria é que foi intolerante com o PT. Fizemos esse processo para construir um projeto de governo, usamos todos os procedimentos democráticos para evitar que se chegasse onde chegou. Eles esticaram a corda e não deram a volta, eles não recuaram nem uma vez. Quem é autoritário? Quem é intransigente? Quem não recua!?, diz Genoino.

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