Alemão está há 11 dias acampado em Viracopos

“Josiane, eu te amo e quero morar com você em Campinas.” A frase é, segundo o alemão Heinz Müller, de 46 anos, a declaração de amor que gostaria de fazer chegar até a mulher pela qual ele faz do Aeroporto Internacional de Viracopos sua morada nos últimos 11 dias. O homem que sofre de Mal de Parkinson e dorme nas poltronas do aeroporto desembarcou no Brasil no dia 1º deste mês para conhecer Josiane Alves, moradora de Indaiatuba. “Nos conhecemos pela internet, em março”, conta.

Segundo registrou em seu laptop, eles se encontraram no dia 3. “No dia seguinte, fomos comer pizza com os filhos dela”, conta o alemão. Heinz passou cinco dias em um hotel em Indaiatuba e o resto da estada na cidade em duas pensões, até ser encaminhado ao setor de imigração em Viracopos por uma assistente social, no dia 16. Josiane não foi encontrada pelo Estado, nem pelo e-mail fornecido por Heinz.

Apesar de funcionários contarem que já conversaram com Heinz e o ouviram contar outra versão, de que uma briga levou a namorada a expulsá-lo de casa, ele fica nervoso quando é questionado a respeito: “Não houve briga. Ela até me deu R$ 100 na última vez que nos vimos, caso eu precisasse.” O último encontro foi no dia 14, segundo o alemão. “Depois não consegui mais entrar na internet para falar com ela.”

O gerente de Operações da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Samuel Silva, disse ter entrado duas vezes em contato com o Consulado alemão e também com abrigos em Campinas. “No consulado me informaram que ele precisa querer ajuda para ser ajudado. Em um abrigo, ele poderia ficar cinco dias. Mas ele não quer”, afirma Silva.

“Não quero voltar para a Alemanha. Quero um lugar para morar e poder encontrar Josiane”, afirma Heinz. O alemão carrega pouca coisa e recebe comida de quem passa pelo saguão do aeroporto.

A Infraero também tentou contato com conhecidos de Heinz em Curitiba – ele disse que entre 2006 e 2007 passou nove meses no Brasil. “Não quero ir para lugar nenhum. Tenho medo de alguém roubar meu computador.” É por meio dele que Heinz Müller ainda pensa em contatar Josiane.

Em Curitiba, conhecidos do alemão não acreditaram ao saberem que ele havia voltado para o Brasil. Ele viveu num quarto alugado. Segundo a dona do imóvel, Heinz “aprontou todas”. De acordo com a mulher, ele alugou o quarto depois de se separar de uma jovem com quem ficou casado apenas um mês. “A moça descobriu que ele tinha mulher e filhos no México e desfez o casamento”, conta a mulher, que não quer ser identificada. O alemão foi descrito por ela como um “folgado” e que bebia demais.

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