Ajuste fiscal passa pela manutenção dos investimentos, diz presidente do Ipea

O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Márcio Pochmann, defendeu que uma das melhores formas de realizar o ajuste fiscal da economia é manter o ritmo de investimentos no país. Pochmman participou, na sexta-feira (14), da aula inaugural do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na zona sul da cidade.

Segundo ele, se a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) for mantida, no ano que vem o Brasil conseguirá zerar o seu déficit nominal, que corresponde à diferença entre as receitas e as despesas do governo incluindo os juros.

"Nós estamos ajustando as finanças públicas com o crescimento da economia. Quanto mais o Brasil cresce, mais faz o ajuste fiscal, porque gera mais imposto e reduz a relação dívida sobre PIB, que vem caindo no país", disse Pochmman. "Se esse crescimento econômico for mantido, no ano que vem teremos déficit zero nominal. Isso é uma coisa que não ocorria há muito tempo".

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o PIB, que é a soma de todas as riquezas produzidas no país, cresceu 5,4% em 2007. O instituto apontou ainda que os investimentos no país subiram 13,4%, a maior alta desde 1996.

O presidente do Ipea avaliou, no entanto, que o crescimento da economia de 5,4% no ano passado é considerado baixo na comparação com outros países. "Estamos imaginando que crescer um pouco mais de 5% é fantástico, mas isso só se olharmos para a mediocridade registrada nos anos anteriores. Essa taxa ainda é pequena frente à potencialidade brasileira e ao que está acontecendo nos outros países".

A manutenção dos investimentos foi defendida por Pochmman como forma de garantir um crescimento sustentável. "O elemento que nos anima a dizer que temos condições de gerar um ciclo de expansão por um tempo maior é o comportamento do investimento, que está crescendo", disse o economista. " Nos anos de 84, 85, 86, 93, 94 e 95, o PIB também cresceu em torno de 5%. A questão é que não houve a sustentabilidade econômica, que é definida a partir do investimento", avaliou.

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