Aeroportos podem enfrentar colapso até 2015

São José dos Campos (AE) – Filas nos balcões de check-in, atrasos dos vôos e congestionamento de aeronaves nas pistas e nos pátios. O aumento da procura por passagens aéreas – impulsionada nos últimos anos pela criação das companhias aéreas de baixo custo como a Gol e a BRA – tem feito com que os principais aeroportos do país operem quase no limite de suas capacidades. Um estudo inédito, feito pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), mostra que, se nada for feito a curto prazo para reverter esse quadro, alguns deles poderão entrar em colapso até 2015. ?O que antigamente era o sonho de consumo para muita gente virou um pesadelo. Nunca foi tão desconfortável viajar de avião no Brasil?, resume o professor Claudio Jorge Pinto Alves, titular do Departamento de Transporte Aéreo do ITA e orientador da tese de mestrado defendida em julho.

O estudo avaliou a situação dos 20 aeroportos mais movimentados do país, conforme o ranking divulgado pela Infraero – estatal responsável pela administração aeroportuária – em 2005. Três aspectos foram analisados: pistas, pátios e terminais de passageiros. ?A situação dos terminais é, de longe, a mais problemática?, afirma o professor. Mesmo considerando as reformas em andamento – e as anunciadas pela Infraero para os próximos anos -, o resultado é preocupante. Dos 20 aeroportos pesquisados, metade corre o risco de enfrentar superlotação nos próximos dez anos.

Projeções pessimistas, feitas com base nos dados do Instituto de Aviação Civil (IAC) da Aeronáutica, revelam que o percentual de utilização dos terminais de passageiros tende a superar os 100% nos três aeroportos mais freqüentados do país – Congonhas, Guarulhos e Brasília, respectivamente. ?Na prática, isso significa queda do nível de serviço oferecido aos passageiros?, explica Alves.

O sistema de pistas, de acordo com o estudo, é o que se apresenta em condições mais favoráveis. Com exceção de Congonhas, onde a localização e a limitação de espaço inviabilizam mudanças significativas, a maioria dos aeroportos brasileiros ainda tem capacidade para suportar o fluxo diário de pousos e decolagens. Na opinião do professor do ITA, uma das soluções para o problema está na flexibilização das tarifas aeroportuárias cobradas pela Infraero. Ele defende a elevação das taxas nos aeroportos mais procurados do país e a maior utilização daqueles que estão ociosos. No ano passado, a Infraero investiu quase R$ 695 milhões em obras de modernização dos aeroportos. Para este ano, a previsão é de R$ 882 milhões.

Fluxo aéreo atrasa vôos em Brasília

Brasília (AE) – Trinta e dois vôos saindo de Brasília para diversos estados foram atrasados na manhã de ontem. Isso causou grande confusão e reclamações entre os passageiros que aguardavam embarque no aeroporto internacional Juscelino Kubitschek, na capital federal. A assessoria da Infraero, que gerencia os aeroportos do país, informou que a causa dos atrasos foi a decisão do Departamento de Controle do Fluxo Aéreo de intervir, retardando decolagens de Brasília, para não comprometer o limite de 14 aviões simultâneos sendo monitorados por um controlador de vôo.

A assessoria explicou que, entre as 8h25 e 10h42, as partidas estavam sendo liberadas de 10 em 10 minutos. A partir das 10h43, os vôos passaram a ser autorizados a cada cinco minutos. A estratégia provocou, em média, atrasos de duas horas nas decolagens previstas para a manhã e repercutiu em outros aeroportos por causa das conexões de vôos.

Ontem à tarde, as principais autoridades aeronáuticas se reuniram no Palácio do Planalto com a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para discutir a situação de caos nos aeroportos.

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