Brasília – O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse nesta segunda-feira (8) que o empresário e ex-deputado goiano Pedrinho Abrão confirmou, na semana passada, ter recebido proposta do assessor da Presidência do Senado Francisco Escórcio de instalar câmeras de vídeo num hangar de sua propriedade para investigar os embarques e desembarques dele e do senador Marconi Perillo (PSDB-GO).
Em reportagem publicada na edição desta semana, a revista Veja apresentou nova denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo a revista, Demóstenes e Perillo tiveram suas vidas investigadas a mando de Renan.
Demóstenes Torres contou que, assim que soube da denúncia, entrou em contato com Abrão, que lhe confirmou que Escórcio teria pedido sua ajuda para filmar a utilização de aviões de empresários pelos dois senadores. "A primeira coisa que o Pedrinho Abrão me pediu foi que eu não revelasse seu nome, e eu cumpri. Agora, na medida em que a revista Veja descobriu o mesmo fato e o Blog do Noblat também descobriu, eu confirmo. Não tenho como negar o que é verdade."
Além de Francisco Escórcio, a reportagem aponta como supostamente envolvidos no esquema de espionagem os advogados goianos Heli Dourado e Wilson Azevedo. Os advogados representam Escórcio numa ação contra o governador do Maranhão, Jackson Lago. Em nota, Dourado confirma que Escórcio esteve em seu gabinete no dia 24 de setembro e lhe pediu que providenciasse um encontro com Abrão.
"Tão logo começou a conversa entre os dois ex-colegas de parlamento [Francisco Escórcio foi suplente de senador], me retirei da sala para cuidar de afazeres pertinentes à advocacia. No meu entra-e-sai, percebi que falaram de tudo, desde os tempos em que Alexandre Costa era ministro até os dias de hoje", afirmou Dourado. Ele disse que, na parte da conversa que pôde ouvir, nem Escórcio nem Abrão falaram sobre fotografias, espionagem e grampos, nada que pudesse relacionar com o caso Renan Calheiros.
Já o advogado Wilson Azevedo apresentou uma declaração na qual afirma que todos os encontros que manteve com Escórcio ocorreram em Brasília ou no Maranhão. "O senador nunca esteve comigo em Goiânia." Azevedo disse que há mais de cinco anos não mantém qualquer encontro com Pedrinho Abrão.